João Manso Neto: "A fatura da luz pode baixar se os custos forem redistribuídos"

O CEO da Greenvolt admite que preço da eletricidade está muito alto mas não vai cair. O que será uma oportunidade para incentivar o autoconsumo, em que aposta forte. Vê risco em "medidas expropriatórias de distorção de mercado para controlar preços" e lembra que antes de redistribuir riqueza há que criá-la e incentivá-la.
Publicado a

Em menos de seis meses de liderança, João Manso Neto pôs a Greenvolt em bolsa em julho, a valer 267 milhões, fez aumentos de capital, concretizou aquisições e lançou projetos. Nesta semana, a subsidiária da Altri para as renováveis chegou ao PSI20, acumulando um valor bolsista superior a 745 milhões de euros (6,14 euros por ação, no fecho de ontem).

Ainda antes de chegar à liderança da Greenvolt, os primeiros estudos apontavam para que pudesse rondar os 300 milhões em bolsa. Está a mais do dobro.
A companhia foi a um preço barato para o mercado. Foi um esforço que se fez para os investidores entrarem sem que o preço fosse obstáculo e para todos ficarem satisfeitos. Quisemos dar essa dinâmica, permitir que entrassem a preço barato para se ganhar confiança no papel. O mercado tem reagido bem e agora esperamos que, à medida que venham os resultados, se solidifique. Não me espanta, portanto: se vendemos barato, a evolução terá de ser para cima. E valorizar cada vez mais é o objetivo.

Mas em Portugal continua a ser raro as empresas escolherem a bolsa para se financiar.
Às vezes, as pessoas partem do princípio que as coisas são mais difíceis do que são, que não vai correr bem, que não há dinheiro. Mas tínhamos um projeto interessante, correspondíamos aos requisitos legais e concluímos que o mercado português tem mais capacidade de investimento do que se julgava. Isto pode motivar outras empresas com tanto ou mais valor que nós a dar esse passo, a não terem complexo e não partirem derrotadas. Havendo produto, o quadro regulamentar é razoável e existe capital português. Mais do que se julga. Nós, sendo uma empresa pequena num mercado cada vez mais global, temos de ter capacidade de explicar porque é que o que vendemos é diferente e vale a pena ser olhado pelos investidores internacionais. Porque o mercado português é importante, mas a transação é colocada lá fora. E temos de saber competir.

Uma pool de analistas da Reuters vê as receitas da Greenvolt subirem aos 191 milhões em 2023, com lucros de 38 milhões. É o que antecipa?
O objetivo que comunicámos ao mercado é de crescimento de 40% ao ano e estou muito confortável com ele. Não gosto é de surpreender pela negativa.

Mas há alguma meta que considere um marco de sucesso?
Cumprirmos é sempre bom - se eu tenho na minha cabeça outra coisa, se verá... mas esses são os valores que temos obrigação de cumprir e temos as condições todas para lá chegar. Isso não se baseia em desejos mas num plano concreto, em ativos, em pessoas. Se não acreditasse plenamente que somos capazes não o diria.

Mas há fatores externos.
Sim, mas de alguma forma são ponderados... estou relativamente seguro de que temos condições para o fazer.

Os próximos passos passam por continuar a crescer? Há vontade e capacidade dos investidores?
Nós fizemos alguns investimentos, começámos a criar um núcleo de empresas e de Recursos Humanos (RH) que permite abarcar os três segmentos que elegemos - biomassa, eólica e solar - e a descentralização. Agora, a primeira prioridade é extrair valor quer das compras quer dos RH e capital que trouxemos. Falta uma parte, que é Espanha, que anunciámos no início do projeto de descentralização, mas creio que em outubro poderemos passar a ter 40%/45% da companhia e permitir que cresça. A partir daí pode haver compras, mas não é uma obsessão, só se fizer mesmo sentido.

Até final do ano haverá mais?
Pode haver Espanha - e espero que haja. De resto não estou obcecado com isso. Quero é pôr as coisas a andar e começar a mostrar resultados nas contas de setembro, dezembro, março... Em cada trimestre, apresentá-las com detalhe, dizer o que correu bem e menos bem, o que queremos fazer. Não quer dizer que todos os trimestres sejam sempre melhores, mas a estratégia tem de ser de melhoria contínua e com grande comunicação ao mercado. Isso é que transforma as cotações em solidez. Expectativa é uma coisa, mas se não se corresponde as coisas não funcionam. Pode haver um problema, o vento não ser bom ou haver paragens numa central de biomassa, que afetem um trimestre, mas o processo tem de ser solidamente crescente. É isso que explica que as ações tenham esse comportamento. Os investidores foram impecáveis, confiaram em nós, e agora nós temos de fazer a nossa parte.

Disse que não se compara com a EDP Renováveis (EDPR), que liderou de 2006 a 2020 e é a mais valiosa do PSI20. Mas quer pôr a Greenvolt nesse percurso?
A EDPR é uma excelente empresa, com excelentes pessoas, mas é uma página encerrada para mim. Este projeto está noutro patamar, estou a fazer coisas diferentes.

Quer levar a empresa a esse patamar?
Não se compara algo que vale 700 milhões e algo que vale 20 mil milhões; e os capitais eram outros... o tempo. Não tenho obsessões de comparar, quero seguir o nosso caminho e se há algo que nos pode inspirar na EDPR, ou na Iberdrola, ou em qualquer outra empresa interessante... Estar no mercado obriga-nos a estar de olhos abertos, entender o que os outros fazem e não ter preocupações de inventar a roda. Sabemos ver e entender os exemplos de outros. Se virmos que talvez tenhamos vantagem competitiva, podemos ir a jogo, se fizer sentido e se nós fizermos sentido nisso. Porque se nos metemos numa área em que não temos competências nenhumas, estamos lá a fazer o quê?

Está a falar do hidrogénio verde.
E de muitas outras coisas. O offshore, em que acredito muito: vou lá fazer o quê se não tenho dimensão para aquilo. Mas acredito imenso, acreditei no windfloat desde o início, mas não é para esta empresa. Há coisas mais pequenas interessantes a que temos de estar atentos, que com investimento controlado funcionam, estar de olhos abertos e expostos ao mercado. Esta abertura é muito importante não só para ir buscar dinheiro - capital e dívida -; por vezes os investidores abrem-nos os olhos para coisas que podem ser interessantes e não estávamos a ver.

A Greenvolt não tem interesse em projetos no hidrogénio verde, mas para o país faz sentido?
O hidrogénio vai ter um papel muito importante. Já é usado em algumas empresas e indústrias, mas feito a partir de gás natural. O que é feito a partir de eletrólise, de renováveis, tem potencial, mas é preciso algum subsídio inicial.

Também foi para as renováveis.
Exato. É necessário apoio à indústria nascente. O hidrogénio faz todo sentido para pesados de largas distâncias - ainda é caro, mas faz sentido. É preciso ver é onde o país quer apostar - e não vejo ainda onde é que estamos nesse campeonato. Não sou megalómano nem cético. Isto é intuitivo: o hidrogénio usado na indústria com combustíveis fósseis que amanhã possa produzir-se com renováveis é bom. É questão de saber quanto se gasta. Para a cidade, o carro o elétrico parece ser solução, mas é inviável nos pesados de longa distância, e aí faz sentido o hidrogénio, como na aviação, no transporte marítimo. Se o país conseguir fazer algo com sentido não sou nada contra. Mas com orçamentos claros e para subsetores que façam sentido.

Biomassa e florestal são o vosso core business - o que faz sentido pela ligação à Altri, é a economia circular a funcionar. Mas a aposta em solar e eólico tem sido crescente. Pode tornar-se maior do que a vertente original?
É totalmente economia circular, sim. Hoje o cash flow é biomassa, diria que em 2025 será metade-metade. E depois há a componente de descentralizado, que pode valer 5% ou 10%, que vai ter um peso muito grande e será muito mais rápido do que se pensa. Uma das formas de combater os preços da eletricidade que estão muito altos é a expansão das renováveis. O que, na minha opinião, não se faz com parques gigantescos - tem reação da população, faz poluição visual, tem custos de oportunidade das terras. A ideia de cidade tem de se aproximar cada vez mais do ponto de consumo, e isso passa por parques mais pequenos. E vejo muito bem o autoconsumo.

O aumento dos preços tem sido muito contestado...
E isso fará que as empresas avancem rápido com estações de autoconsumo - mais não seja para reduzir a fatura elétrica - o que pode trazer grande dinâmica. E nós estamos a fomentar isso. A cada dia que passa, as empresas perdem dinheiro em relação ao que teriam se tivessem investido em autoconsumo. Nós estamos a investir nisso e outros vão entrar, portanto o descentralizado vai ter um crescimento enorme em Portugal e em Espanha. Porque uma empresa em vez de pagar 100 por MWh paga 40 e mesmo que não cubra tudo, poupa. Por isso quando falei em 5% a 10% para o descentralizado, até pode ser mais.

Não vê os preços a baixar?
Não, repare: ao contrário do que se pensa, a eletricidade tem uma carga de impostos muito grande - nem todos ligados à eletricidade, como é o caso dos subsídios para igualização de preços entre continente e ilhas, os subsídios para as câmaras por concessões ou os que foram para as antigas renováveis. Ou seja a fatura pode ser reduzida se houver deslocalização de custos.

Retirar impostos da fatura?
Sim e redividi-los dentro da sociedade quer por outros combustíveis quer pelo Orçamento do Estado (OE) - e é em parte o que o governo está a fazer.

Mas desviar esse custo para os combustíveis fósseis vai fazer subir ainda mais o custo...
Por isso é que não pode ser só para aí, tem de haver equilíbrio. Outra medida é que haja cada vez mais fomento a contratos de longo prazo. E depois a expansão das renováveis e o autoconsumo.

Mas tudo isso demora.
Esta dimensão de fomento não necessariamente, é uma questão de criar condições para o incentivo.

Seria bom ver isso no OE2022?
Seria bom, sim.

E acredita que lá estará? Teve conversas nesse sentido?
Não tive conversas nenhumas, mas além das medidas propostas, que são positivas, seria bom ter um pouco mais de ambição nisso.

O governo tem revelado preocupação sobretudo com os consumidores privados, mas este custo é uma desvantagem competitiva de peso para as empresas.
Algumas também beneficiam, não são só as famílias... mas fomentar os contratos de longo prazo justificava-se. E retirar alguns custos da fatura também. Não subsidiar, mas redistribuir custos; ou seja, se calhar há coisas que não devem ser subsidiadas pela eletricidade, que o sejam por outros. Eu não acho que a eletricidade deve ser subsidiada, mas deve ser desagravada.

Na lógica da transformação energética, da eletrificação, da Agenda de Paris faria sentido...
Se queremos cada vez mais eletrificação - além de defender a situação corrente das empresas, que é uma preocupação que partilho em absoluto - faz sentido criar condições. A eletricidade não pode ser sobrecarregada por outros custos.

E faria sentido dar benefícios fiscais a empresas que invistam em autoconsumo?
O autoconsumo em si já poupa suficiente, não é preciso esse adicional. O que é preciso é fazer: que as empresas de autoconsumo vendam produto e as demais decidam depressa.

Há falta de capacidade de decisão nas empresas?
A necessidade aguça o engenho e com preços de eletricidade tão altos vai apressar-se o processo de tomada de decisões. Se a poupança é pequena, muitos não estão para isso, para se endividar, mas agora que a eletricidade está muito mais cara cria-se um incentivo. O autoconsumo poupa as despesas de rede, o preço da eletricidade é um grande desincentivo a deixar como está, o que é preciso agora é que os agentes como nós, instaladores, vendam isto e as empresas estejam dispostas a ouvir. Mas com os preços que temos nem se compreenderá que não o façam.

O governo tem assinalado sinais de retoma. Que riscos vê hoje na economia, nomeadamente na sua área?
Estes preços muito altos têm riscos... há medidas para o mercado que permitem atenuar fortemente o problema, mas medidas expropriatórias de distorção de mercado são um risco. E nem falo por mim, porque nem estou aí, não me afeta, mas empresas que fizeram os seus planos e investimentos e de repente vêm dizer que estão a ganhar demasiado dinheiro...

Está a falar das margens das gasolineiras?
Eu conheço pouco ou nada disso, mas acontece na eletricidade de vez em quando. E não é necessariamente verdade, porque muitas vezes as empresas venderam a eletricidade a prazo para se cobrir, portanto se pusermos imposto não as fazemos ganhar menos mas antes passar a perder. Por outro lado, é uma distorção de mercado. Temo que haja medidas feitas por intuição e não por estudo. Isso é um risco. Esta questão dos preços cria uma oportunidade para expansão do autoconsumo, mas há sempre risco de aparecerem ideias não suficientemente estudadas e que podem ser altamente perversas.

Distorce as regras a meio do jogo.
Totalmente. E pode fazer os agentes incorrerem em enormes prejuízos.

E pode fazer fugir investidores?
Pode. Portugal tem sido, na parte elétrica, bastante correto, no sentido de cumprir compromissos. Estamos ao nível dos Estados Unidos e Reino Unido, países que são exemplos, estamos nessa primeira divisão da credibilidade - claro que tivemos problemas mas resolvemos de forma civilizada e isso é um valor fundamental que nos distingue de outros e que é importante manter. O país tem oportunidades grandes, tem bons RH - várias entidades internacionais têm cá zonas de backoffice (e não é backoffice de índio, é com valor acrescentado); o BNP Paribas, a Accenture, têm aqui milhares de funcionários que servem todo o mundo; a Euronext toda tem aqui a engenharia de sistemas concentrada no Porto; a Vestas tem um centro de excelência em Portugal. Portanto, somos bons em RH em várias áreas. E também temos empresários bons: no tempo da troika, houve um conjunto de empresários que aguentou o país - pessoas que não fazemos ideia quem são - com as exportações e mudou completamente a matriz de produção de país virado para dentro para país virado para fora.

Então falta o quê? Dinheiro?
Dinheiro também há! Já nem falo dos apoios comunitários, há poupança como nunca. Houve muita gente, capitais portugueses, a investir na Greenvolt, pessoas que não conhecia e quiseram entrar no projeto. O que acho que aqui faz falta é que o dinheiro chegue aos projetos com ideias. Para isso é preciso visibilidade e diálogo, sobretudo diálogo sem parti pris. O verdadeiro brainstorming sem grandes formalidades permite que as ideias surjam. Queremos tudo muito regulamentado, espartilhado e isso não é bom. Por outro lado, houve um retrocesso ideológico e não só em Portugal: primeiro é preciso aumentar riqueza e só depois redistribuir.

Olha-se a equação ao contrário?
Às vezes sim. Quando eu era novo, a grande discussão era a redistribuição, depois passou a ser que só o mercado era bom. Sejamos equilibrados. Crescimento e aumento de riqueza são fundamentais ou não haverá o que distribuir. O SNS e o rendimento mínimo garantido (RMG) foram duas medidas fundamentais em democracia, estão acima desta discussão. É preciso ênfase na riqueza sem prejuízo de salvaguardar coisas elementares - e isso falha. E falha uma terceira coisa - e aí Portugal está um pouco abaixo do resto: a generalidade das pessoas aqui tem medo de tomar decisões e prefere decidir não decidindo, o que tem custos brutais. É preciso ter capacidade de decisão e não ter complexos com o êxito.

Há preconceito em relação ao êxito?
Há e o êxito não deve ser penalizado, como quem se engana não deve ser caluniado. Este tipo de respeito e abertura é fundamental - isto tem que ver com mentalidades. Dizem que as empresas estão a lucrar muito... mas e os capitais investidos, não se remuneram? São coisas às vezes idiotas. Quem decide e a coisa sai bem, é porque teve sorte ou favores... ninguém precisa de favores quando é profissional e tem ideias.

E também há preconceito no erro?...
Pois. A tolerância ao erro que vem nos livros. Há duas maneiras de gerir: a militar, em que um manda e os outros executam e não crescem; e a de dar liberdade às pessoas e margem para que às vezes façam mal. E isto também tem de ser aceite a nível social. Há que premiar a iniciativa, estar contente com o que permita criar riqueza que permita uma redistribuição muito mais interessante para todos, e tolerância ao erro.

Neste OE, que será de novo negociado à esquerda, teme que não haja essa visão?
Não tenho informação, mas espero que não. Mas não é questão de direita ou esquerda, isto é cultural. Ora um crescimento só é saudável com redução dos níveis de exclusão social que ainda temos. É preciso criar riqueza e depois redistribuir, mas sem descurar os essenciais: nós temos ainda grandes camadas da população que apesar do RMG e outras medidas vive mal, com pensões miseráveis... É dever do Estado e de todos nós solidariamente (acabar com isso). Diferente é, antes de fazer um investimento, já se estar a ver como se reparte o dinheiro. O combate à exclusão não é incompatível com a prioridade ao crescimento da riqueza.

Nesta semana anunciou o início de operações na Bulgária e na Roménia, está com um olho em Itália. Poderá haver investimentos em Portugal?
Temos apostado forte aqui no descentralizado, estamos a construir um parque solar grande e outros mais pequenos e admito projetos destes que façam sentido - até numa lógica de criar produto para o autoconsumo. Tanto quanto sei, há uma intenção de fomentar os pacotes de longo prazo entre produtores de renováveis e indústrias eletrointensivas, estou a trabalhar aí, a criar matéria-prima que permita abordar esse mercado. Portanto, quando for oportuno anuncio, mas estamos a trabalhar nesse sentido. Para o consumidor industrial. E no sentido de aumentar o nosso parque de projetos. Portugal é país onde estamos; não vou meter-me em coisas especulativas, mas no que fizer sentido sim, tenho todo o gosto.

E os green bonds serão uma opção de peso para financiar a Greenvolt quando os juros começarem a subir?
Nem é quando começarem a subir, tenciono emitir já. Não será amanhã, mas sim quero emitir, sim. O objetivo é alargar o passivo e não sei como estão os juros daqui a um ano - agora estão em níveis simpáticos. E como somos empresa de renováveis é óbvio que vamos fazer green bonds.

Porque é que não há mais Greenvolts a aparecer?
As pessoas têm aqueles preconceitos de que falei...

Mas preparamo-nos para receber o maior volume de fundos, temos juros baixos...
Talvez nós possamos ser exemplo de que é possível. Nós fizemos o contacto com investidores todo por vídeo, em plena pandemia. Outros, com produtos até melhores, também podem fazê-lo. Temos boas empresas em muitos setores.

Como está a acompanhar o caso da Galp Matosinhos? Faz sentido fechar a refinaria ou poderia/devia haver um compromisso?
Não falo de coisas que não sei, mas se a Galp estivesse a ganhar dinheiro não fecharia a refinaria...

E não surpreende.
O fecho foi anunciado há um ano, não foi? A Galp tem gestores competentes que saberão o que fazem. Ninguém gosta de despedir. Mas há alternativas para aquelas pessoas. Como disse, Portugal tem bons RH e eles terão oportunidades. É preciso confiança, claro, mas na área da energia há falta de pessoas, por exemplo para desenvolver o autoconsumo, na parte de conceção de instalação dos painéis, na monitorização. Há falta de recursos e com uma formação adequada podem lá chegar. É questão de haver confiança no país e as coisas resolvem-se.

A Greenvolt está a contratar?
Estamos a contratar. Aqui na cotada temos 18 pessoas e queremos ter 33 até fim do ano; na Profit (descentralizado) temos 22 e queremos 35 até dezembro; além de todo o trabalho que subcontratamos. Por exemplo, nos instaladores, temos um modelo baseado muito nos acordos com instaladores mas chegamos à conclusão que em alguns casos temos de internalizar. Tendo negócio para isso, não tenho nem nunca tive receio de aumentar quadros. Desde que os números saiam, prefiro contratar, prefiro que venham para dentro da companhia - até para poder impor um conjunto de condições que não posso exigir a menos que estejam dentro da empresa. Em áreas críticas como é a instalação de painéis, faz todo o sentido. E é bom.

Abdicou dos 560 mil euros/ano, até 2023, que tinha a receber da EDP, para poder assumir o lugar de CEO numa concorrente. O desafio está a compensar?
Em termos intelectuais, claro. Eu não vim para aqui por ser negócio, para ganhar dinheiro. Eu não aguentava aquela situação. Desde que fiquei convencido que tinham confiança em mim, que mostraram interesse em mim e achei que podia ser útil, nem hesitei.

Espera para breve a resolução do caso das rendas excessivas?
É uma matéria sobre a qual não gosto de falar... tem sido muito mau, para mim e para António Mexia, que está na mesma situação do que eu... E nenhum de nos fez nada de ilegítimo. Se vai demorar muito mais, não sei. Sei como atuo e nem eu nem o António Mexia precisamos de favores de ninguém, somos profissionais e não precisamos de influenciar pessoas. É aborrecido... sobretudo quando já se demonstrou que nada disso existiu, como concluiu a Comissão Europeia. Aqui, deram-me esta oportunidade de poder ser útil. É mau para o país que alguém com a qualidade de António Mexia não a possa ter também.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt