John Gutfreund, antigo gestor da Salomon Brothers, e conhecido por muitos como o Rei da bolsa nova-iorquina morreu aos 86 anos.
Nos tempos áureos de Wall Street, algures nos anos 80, o antigo corretor geriu a Salomon Brothers tornando-a numa das mais poderosas empresas do setor. Foi aí que a Business Week o apelidou de Rei de Wall Street. Estávamos em 1985 e a Salomon Brothers era de tal forma imponente que os seus escritórios tinham a dimensão de um campo de futebol.
A entrada de Gutfreund no mundo financeiro começou cedo. O pai era membro do Century Country Club de Nova Iorque onde privava com William Salomon, filho de um dos fundadores da empresa financeira. Isto permitiu que Gutfreund trabalhasse para a Salomon Brothers onde foi subindo até ao topo.
Aos 34 anos já sócio de plenos direitos. Em 1978 foi nomeado sucessor de Salmon, tornando-se no executivo mais bem pago que Wall Street alguma vez tinha visto.
[caption id="attachment_517355" align="aligncenter" width="749"]
John Gutfreund, nos anos 80[/caption]
"A Salomon Brothers é a melhor empresa do que o mundo jamais conheceu", disse um dia Gutfreund, como recorda a Business Week. Em pleno auge das praças financeiras e com um poder incontestável no mercado norte-americano, Gutfreund não tinha razões para dúvidas: chegou a controlar até 94% das obrigações do tesouro norte-americano a dois anos.
A Salomon foi também uma das primeiras corretoras a venderem títulos garantidos por hipotecas, os mesmos que acabariam por provocar a crise do subprime em 2008. Mas nessa altura as apostas apenas faziam antever a prosperidade da classe média-alta norte-americana.
Gutfreund esteve 38 anos à frente da Salomon, empresa da qual se retirou em 1991. A empresa seria sete anos mais tarde adquirida pelo grupo Travelers e convertida em parte do Citigroup.
O financeiro era, de acordo com o Wall Street Journal, alguém que nunca pedia desculpa. Nem pelos escândalos das obrigações do Tesouro, nem pelas violações da lei. "Eu não vou pedir desculpa por nada a ninguém. As desculpas não significam nada. O que aconteceu, aconteceu", cita o jornal.
A morte do gestor que contava com 86 anos encerra mais um capítulo na história da conturbada bolsa de Wall Street.