Depois de vender a rede de 46 lojas Massimo Dutti, de que detinha
o master-franchising em Portugal há 20 anos, à Inditex, o grupo
Regojo ficou reduzido a 10% dos negócios que tinha e não vai
investir mais no retalho. O futuro passa por investir no sector
imobiliário quando a crise acabar e pelo arranque da exportação da
marca própria de vestuário, Dali, para Espanha.
Foi também a crise que levou o diretor-geral, José Regojo, a
vender a Massimo Dutti, isto apesar de esta representar perto de 90%
do volume de negócios do grupo, que em 2011 foi de 85 milhões de
euros, e de, no ano passado, as vendas da marca espanhola terem
crescido 2%, atingindo os 76 milhões de euros.
"Em agosto, quando se colocou a possibilidade de vender a
Massimo Dutti, achámos que era o momento oportuno. O ano de 2012 vai
ser muito díficil, estima-se que o consumo vá descer entre 20% e
25% e uma das primeiras áreas a sofrer é a do vestuário",
explica José Regojo.
Perante um cenário de recessão, a estratégia do grupo foi
reduzir a sua exposição ao mercado, libertando-se de 46 lojas e 700
trabalhadores.
"Estrategicamente, tivemos a visão de reduzir e vender a
Massimo Dutti por um valor justo que não ia ser o mesmo se
vendêssemos dentro de um ou dois anos", frisou o
diretor--geral, explicando que, como o grupo fica reduzido a 10% do
que era, "vamos sentir muito pouco o temporal que aí vem".
José Regojo não diz o valor do encaixe obtido com a venda,
apesar de a Inditex já ter anunciado que comprou as 46 lojas em
Portugal e mais 22 na Bélgica por 103 milhões de euros, mas adianta
que, com o dinheiro que recebeu, decidiu liquidar todo o passivo
financeiro junto da banca e guardar uma parte.
"Em momentos como este, em que o dinheiro está muito caro, o
melhor é ficar sem passivo bancário e deixar parte em cash para
poder aplicar em dois projetos imobiliários", referiu. Depois
de concluído o centro comercial Liberdade Street Fashion, em Braga,
o grupo quer construir um outlet de marcas de luxo em Oeiras e um
condomínio fechado no Estoril, mas só quando a economia recuperar.
"Possivelmente, quando começar a retoma da economia do País
deveremos avançar com esses investimentos que vão ser feitos em
parceria com grupos internacionais especializados nestas áreas."
O grupo espera começar este ano a vender a marca de senhora Dali
em Espanha, que é produzida nas Confeções Regojo e Velasco. A
empresa foi fundada pelo avô do diretor-geral há 93 anos e hoje
representa cerca de 4 milhões de euros da faturação do grupo.
Produz a Dali e camisas com a marca Pierre Cardin.
O desinvestimento começou há algum tempo e José Regojo garante
que vai "parar de investir no retalho". Além da venda da
Massimo Dutti, fechou também, no final de 2011, as cinco lojas da
marca Friday's Project e há dois anos vendeu as cinco lojas da marca
masculina Wesley à Dielmar, por 3,2 milhões de euros.
Atualmente, o grupo tem duas lojas Nike, uma delas a flagship
store na Rua Garrett, em Lisboa - que faturam 1,5 milhões de euros
-, e 14 lojas da marca própria Dimoda - com vendas de 5 milhões de
euros e participações nas empresas que detêm as marcas Pepe Jeans,
Tommy Hilfiger, Throttleman e Haket em Portugal.
Mesmo sem a Massimo Dutti, o Regojo vai continuar a trabalhar com
a Inditex. Os dois grupos têm há cinco anos uma parceria para a
venda dos excedentes das marcas Zara, Stradivarius, Breskha e outras,
para países onde o grupo espanhol não tem lojas. "Há cinco
anos começámos a vender os stocks da Inditex para seis países,
entre eles Angola, Moçambique e Paraguai. Esta área representa 5%
do nosso volume de negócios e o objetivo é vender os restos de
coleção que não se vendem na Europa."