
A expansão da rede de carregamento de veículos elétricos em Portugal enfrenta vários desafios, especialmente quando se trata de instalar pontos de carregamento em zonas mais remotas ou em locais com burocracias excessivas. A KLC, que se assume como maior empresa nacional na operação e manutenção desses espaços, tem-se destacado no mercado nacional pelo papel ativo em aumentar a infraestrutura disponível. No entanto, segundo Pedro Fonseca Ferreira, CEO da KLC, a falta de celeridade nos processos de licenciamento e o ritmo da instalação em algumas áreas são obstáculos que continuam a dificultar o crescimento. “A velocidade do licenciamento e a burocracia têm de acelerar”, afirma o responsável, apontando que, apesar da experiência da empresa - que já instalou mais de duas mil unidades - o processo poderia ser mais eficiente se houvesse uma abordagem mais simplificada. “Se calhar, um Simplex da mobilidade elétrica faria sentido”, sugere.
A KLC posiciona-se como um dos principais motores do avanço da mobilidade elétrica em Portugal, com cerca de dois mil pontos de carregamento sob sua gestão, o que lhe garante uma quota de mercado na ordem dos 20%. Focada na operação e manutenção da infraestrutura, a empresa não comercializa carregadores, mas é responsável por todos os serviços relacionados, desde o software de controlo até à manutenção periódica obrigatória. Além disso, tem um centro de atendimento especializado dedicado aos utilizadores, com linhas exclusivas para resolver qualquer questão relativa ao carregamento de veículos elétricos.
A KLC não é apenas uma empresa de gestão de pontos de carregamento; é um consultor na mobilidade elétrica em Portugal, ajudando a moldar o futuro da mobilidade sustentável. Com o lema “Shaping your mobility”, a empresa posiciona-se como uma facilitadora essencial na transição para um modelo de mobilidade mais verde e eficiente. “Somos os consultores da mobilidade elétrica em Portugal”, declara o CSO (chief sales officer) Nuno Jerónimo, que, ao mesmo tempo, destaca o papel de liderança da KLC na gestão e expansão da infraestrutura de carregamento.
Desafios e oportunidades
A KLC está focada no crescimento contínuo da sua infraestrutura e na adaptação às necessidades dos utilizadores de veículos elétricos. Um dos maiores desafios, segundo Pedro Fonseca Ferreira, continua a ser a burocracia, que muitas vezes “dificulta” o processo de instalação de novos postos de carregamento.
“Temos um indicativo importante de, diria, pontos bloqueantes para o futuro, mas que temos de ultrapassar. É claramente a parte da velocidade do licenciamento e da burocracia. Portanto, isto tem de acelerar”, afirma o responsável, destacando que, apesar da vasta experiência da KLC na instalação de mais de duas mil unidades, o processo ainda poderia ser mais ágil e eficiente.
Apesar dos desafios, a empresa tem vindo a contar com a colaboração de várias autarquias, que têm sido fundamentais na aceleração da transição para a mobilidade elétrica. “Aveiro tem um papel destacado, pois somos nós que estamos a instalar toda a rede de carregamento nos moliceiros da ria”, explica Nuno Jerónimo. “É uma cidade que está preocupada em manter a sua ria limpa e cada vez mais sustentável.” Outros exemplos incluem os SMTUC (Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra), que também confiaram à KLC a instalação da rede de carregamento para a sua frota de autocarros elétricos. “Nós estamos a ir lado a lado com as autarquias e a disponibilizar-lhes todos os nossos serviços”, afirma o CSO, destacando ainda as parcerias com a Câmara Municipal de Albufeira, Loulé e Tabuaço, além de outras colaborações, como com o Porto de Aveiro e a Figueira da Foz, que estão a eletrificar as suas operações”.
Em relação ao futuro, Pedro Fonseca Ferreira acredita que, embora Portugal esteja a dar passos importantes, ainda há muito a fazer para alcançar as metas de mobilidade elétrica estabelecidas pela União Europeia. “As metas estão todas a ser equacionadas, mas acredito que vamos atingi-las, embora não no prazo previsto”, afirma o CEO. Para o gestor, as metas de 2030 são especialmente difíceis de alcançar sem mudanças rápidas na legislação e novos incentivos fiscais. “Acredito que a legislação vai mudar e isso vai acelerar o processo”, acrescenta, destacando a importância de políticas governamentais para incentivar ainda mais o investimento e a adoção de veículos elétricos.
A importância do uptime
A KLC coloca grande ênfase na jornada do cliente, entendendo que o processo de carregamento deve ser o mais simples e eficiente possível. De acordo com o seu CSO, “não podemos esquecer que o cliente quer um carregamento simples e rápido, sem surpresas”. A empresa procura oferecer uma experiência que minimize qualquer frustração e assegure que os utilizadores possam confiar na infraestrutura de carregamento.
Uma das principais preocupações da KLC é o uptime, ou seja, garantir que os pontos de carregamento estejam sempre em funcionamento. “O nosso foco está em garantir que os postos de carregamento dos nossos parceiros tenham o maior uptime do mercado”, afirma Nuno Jerónimo, sublinhando que qualquer interrupção no serviço pode causar inconvenientes aos consumidores.
Com essa mentalidade, a KLC investe fortemente na manutenção e monitorização constante da sua rede de carregamento, de modo a assegurar que os postos estão sempre operacionais. A empresa também tem em mente a necessidade de transparência e informação clara para os utilizadores. “A informação precisa de estar disponível de forma clara e acessível”, complementa o responsável pelas vendas da empresa, referindo que a plataforma de gestão da KLC permite aos consumidores verificar em tempo real a disponibilidade dos pontos de carregamento, garantindo que a experiência seja intuitiva e sem complicações.
A caminho da internacionalização
Além dos desafios internos, a KLC também se está a preparar para expandir as suas operações além-fronteiras. “Nomeadamente para o nosso país vizinho, através dos nossos parceiros que têm pontos de carregamento em Espanha, estamos a ser desafiados a levar para lá o nosso know-how. Este é também um desafio interno, mas que vemos como uma oportunidade positiva”, afirma Nuno Jerónimo, revelando que a operadora está pronta para levar a sua experiência em gestão de pontos de carregamento para fora do mercado nacional.
Os números da KLC demonstram o impacto positivo da empresa no setor da mobilidade elétrica. Numa época em que a sustentabilidade é mote, a empresa orgulha-se de ter contribuído significativamente para a descarbonização do transporte em Portugal, com mais de 25 200 toneladas de CO2 poupadas até ao final de 2023.
Nesta senda, a empresa permitiu que tenham sido percorridos 168 milhões de quilómetros e já instalou mais de dois mil pontos de carregamento em todo o país. Com um total de mais de 1,8 milhões de carregamentos efetuados, a KLC quer continuar a afirmar-se como um player relevante para avanço da mobilidade elétrica em Portugal.