"As perspetivas económicas para a segunda metade do ano são muito positivas" e a economia europeia pode inclusive antecipar a sua retoma (até aos níveis que vigoravam antes da pandemia) em cerca de seis meses, disse esta quarta-feira, o ministro das Finanças João Leão. "Os sinais dizem que o pior da crise já passou", defendeu.
As declarações do ministro aconteceram esta quarta-feira na Cimeira da Recuperação, evento que encerra a residência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
A ideia de otimismo pairou no ar durante alguns minutos. Leão disse que na UE a "perspetiva é que os níveis pré-pandemia são atingidos no final do ano", o que se traduz numa aceleração do processo de retoma em seis meses face ao que diz a Comissão, que apontava para meados de 2022.
Entretanto, o Banco Central Europeu (BCE) reviu em forte alta, no início de junho, o crescimento da zona euro relativo a este ano, o que estará a mudar o sentimento dos políticos para melhor, claro.
O ministro das Finanças pressente agora uma "recuperação rápida da economia nos próximos meses" a nível europeu, dinâmica que pode refletir-se em Portugal, mediante uma revisão em alta do crescimento previsto pelo governo.
No Programa de Estabilidade a marca deste ano está colocada em 4%, mas recentemente Leão tem aventado que poderá subir a fasquia do crescimento projetado para perto de 5%.
O ministro sucessor de Mário Centeno diz que os europeus devem recordar o que foi feito nos últimos meses contra a pandemia. Foi muito, disse.
Lembrou que a Europa tem planos de recuperação que valem o equivalente a "6% do PIB da UE financiados por dívida europeia conjunta" e que esta resposta foi montada "em menos de um ano".
"O processo de vacinação contra a covid está em curso" mas a destruição que aconteceu foi grande demais.
Leão lembrou que o FMI calculou recentemente que a economia da UE já recuperada deve ficar três pontos percentuais mais magra face a um cenário em que não tinha havido pandemia.
Isto vai ser estudado por "um grupo de peritos que vai refletir sobre o legado da crise" e que "até final do ano apresentará um trabalho" em torno deste tema, revelou Leão.
Na mesma conferência, o coro dos otimistas foi reforçado pelo comissário europeu da Economia, o italiano Paolo Gentiloni.
"O outlook é positivo" e "o sentimento económico está no nível mais alto de 21 anos". O que temos hoje são "boas expectativas", disse o alto dirigente de Bruxelas.
Mas "o que vamos ter não é uma simples recuperação". "O nosso objetivo não é voltar o mais rápido possível ao ponto em que estávamos antes da pandemia", mas sim voltar diferentes, com um modelo económico novo, mais "verde, tecnológico e justo".
Para tal, é preciso que os países façam reformas estruturais, insistiu o comissário.
"As reformas não são uma coisa que tem de se oferecer a Bruxelas por causa das recomendações que fazemos. As reformas devem ser feitas e ligadas ao dinheiro real, não apenas uma resposta às recomendações da Comissão Europeia", acrescentou.
"Devemos ter orgulho das respostas que demos" e muita atenção quanto ao futuro por causa dos "riscos de agravamento das desigualdades", avisou Gentiloni.