Apesar dos efeitos da pandemia, os negócios da José de Mello estão a voltar a andar sobre carris. No último ano, o Grupo obteve lucros de 58,2 milhões de euros, abaixo dos 355,3 milhões de euros de 2020, mas que representam um crescimento significativo no volume de negócios, no EBITDA e no ativo e capitais próprios..Os resultados foram explicados pelo presidente do grupo, Salvador de Mello, num encontro com jornalistas, em que realçou a solidez das contas, sobretudo suportado nesses números, antecipando um plano de investimento de mil milhões de euros até 2030. "Um compromisso que assumimos com Portugal e que passa por crescermos a partir daqui, aumentando a capacidade exportadora", sublinhou o CEO..O destaque nas contas apresentadas é dado ao volume de negócios do grupo que junta empresas líderes de mercado em áreas tão distintas como a saúde (66% da CUF e 70% da JM Residências e Serviços), a indústria (Bondalti) e as infraestruturas rodoviárias (agora 17% da Brisa), e que aumentou em mais de 50% quando expurgado do efeito da venda de 40% da Brisa (que injetou mais-valias excecionais no ano anterior). Foram 1,033 mil milhões de euros de receitas atingidas em 2021, que comparam com os 774,8 milhões no ano anterior (1,2 mil milhões com o efeito Brisa). Também o EBITDA teve uma evolução extraordinária, duplicando para os atuais 138,152 milhões de euros (66 milhões em 2020, sem efeito Brisa)..O que permite ao CEO estar bastante otimista quanto à saúde financeira e autonomia do grupo que lidera há um ano, quando sucedeu ao irmão Vasco de Mello nestas funções. "Quero promover o legado de 120 anos do grupo para o futuro, adaptando-o aos novos tempos com inovação e investimentos crescentes", sublinhou Salvador de Mello, frisando que é a inovação que faz a identidade do grupo e que os planos de investimento terão sempre pegada portuguesa..No último ano, a José de Mello somou investimentos a rondar os 100 milhões de euros, com as exportações a chegar aos 200 milhões e a dívida a ser reduzida para os atuais 400 milhões (cerca de mil milhões nas contas consolidadas do grupo, uma redução a um terço para a qual muito contou a venda de parte da Brisa), "conferindo grande solidez ao balanço"..E por onde passarão os novos investimentos planeados? Salvador de Mello não adianta pormenores, mas exemplifica com alguns casos nas áreas mais relevantes do grupo, incluindo o novo Hospital de Leiria da CUF, a aposta da Bondalti no hidrogénio - um projeto candidato às Agendas Mobilizadoras e que aguarda a sua concretização no PRR, mas que pode ganhar volume..A sustentabilidade do grupo é outra área de aposta, reforçada pela componente social de elementos como a CUF e as residências e acrescentada nos valores ambientais pela ambição de descarbonização, sobretudo nas vertentes mais industriais, até 2030. Um compromisso assumido também por Salvador de Mello como essencial para o futuro da Bondalti: "É ambicioso, mas queremos chegar à neutralidade carbónica nesse horizonte.".Também parte do grupo José de Mello, ainda que não no perímetro de consolidação, estão empresas como a Ravasqueira (vinhos), a ATM (têm 50% da companhia de serviços de manutenção) e a Efacec, nacionalizada pelo governo anterior de António Costa mas onde o grupo ainda detém 14% (leia mais aqui)..Questionado sobre a continuidade do grupo após a venda, que se perspetiva que esteja completa até ao final deste mês, com a venda à DST e consequente recapitalização, Salvador de Mello não quis adiantar respostas definitivas. "É um processo que está a decorrer, a ser liderado pela Parpública, uma vez que o Estado detém a maioria do capital, e cujas condições avaliaremos quando se tiver concretizado. Só então tomaremos decisões", afirmou o CEO no mesmo encontro..Quanto às parcerias público-privadas na saúde, são um assunto encerrado. "O governo decidiu o fim desse modelo, não me parece que vá voltar para trás", disse o responsável, que há um ano viu chegar ao fim a última parceria do Estado com a CUF, o Hospital de Vila Franca de Xira..Em época de crise brutal nos recursos humanos, Salvador de Mello não tem dúvidas de que é nos colaboradores que está muito do valor dos negócios do grupo, pelo que a aposta no talento é cada vez mais assumida. "A inovação é um valor do grupo, que fortalecemos com o Grow Innovation Award e a ligação à Academia, que levamos muito a sério também para formar, atrair e fixar talento. Somos uma escola de talento", resumiu o CEO, destacando as ligações do grupo a universidades como a Nova e a Católica, entre outras escolas de topo que se destacam cada vez mais no panorama internacional.."Temos mais de 13 mil pessoas a colaborar connosco - sendo 7200 diretamente empregados por nós e os restantes em prestação de serviços (médicos, por exemplo). E o que queremos é que tenham qualidade que lhes mereça terem oferta noutros sítios mas que escolham ficar connosco pelas condições que oferecemos e pela visão de empresa familiar que praticamos em todo o grupo.".Esta visão, certificada pela Entidade Familiarmente Responsável, a par da direção da Associação Business Roundtable Portugal, são características que o CEO destaca como exemplos do compromisso do grupo para com o crescimento e a valorização do país.