A Sonae SGPS encerrou o primeiro semestre com um crescimento de 7,9% do volume de negócios consolidado, para 3,4 mil milhões de euros, e de 89,1% do resultado líquido atribuível a acionistas, que passou de 62 para 118 milhões de euros. Um valor que traduz "o crescimento dos negócios, o sucesso na gestão do portefólio e o comparável do primeiro semestre de 2021, que havia sido afetado pela pandemia". Grupo reduziu a dívida líquida em 400 milhões e garante ter as necessidades de financiamento totalmente cobertas até ao início de 2024.
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, refere que, durante o primeiro semestre de 2022, "enquanto nos preparávamos para um mundo pós-pandemia, enfrentámos novamente uma realidade totalmente nova e desafiante, desta vez caracterizada por fortes disrupções nas cadeias de abastecimento, por uma escalada dos custos de energia e por níveis crescentes de inflação e de taxas de juro". Um contexto que, "intensificado" pela guerra na Ucrânia, teve um "impacto significativo" nas comunidades e nos negócios da Sonae.
Diz este responsável que, "apesar da redução da confiança dos consumidores e da forte pressão sobre as estruturas de custos", o portefólio da Sonae "continuou a demonstrar a sua adaptabilidade, resiliência e capacidade de responder às necessidades dos nossos clientes". Razão porque o grupo apresenta "resultados sólidos", com os seus negócios a "reforçarem novamente as suas posições de liderança de mercado" e consolidando também os programas de transformação digital.
Assim, "e apesar da evolução negativa nos mercados de capitais", o valor líquido do portefólio (NAV) ascendeu a 3,8 mil milhões de euros, no final do semestre, "com um contributo positivo da melhoria da rentabilidade da MC (a dona das insígnias Continente e Bom dia) e da ISRG (retalho de desporto, com a marca Sportzone), dos níveis mais elevados de NAV da Sierra (gestão de centros comerciais) e da Bright Pixel e de uma maior capitalização bolsista da NOS (telecomunicações)".
Além do crescimento de quase 8% nas vendas consolidadas, assegurado por acréscimo de vendas "em todas as empresas", o grupo registou um aumento de 10,6% no EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que se situou nos 319 milhões de euros. "Este desempenho operacional consolidado, juntamente com a nossa gestão ativa do portefólio, permitiu gerar mais de 600 milhões de cash flow nos últimos 12 meses, possibilitando o pagamento de dividendos aos nossos acionistas e uma redução de quase 400 milhões da dívida líquida em termos homólogos", destaca, ainda, Cláudia Azevedo na sua mensagem.
A dívida líquida consolidada era de 1.103 milhões de euros no final do semestre, sendo que a Sonae garante ter as suas necessidades "totalmente financiadas" até ao início de 2024, na medida em que, a 30 de junho, detinha 1.020 milhões de liquidez disponível (em caixa e linhas de crédito), "mantendo um baixo custo de financiamento - menos de 1%, precisa - e um perfil de maturidade da dívida superior a quatro anos". Nos últimos 12 meses, a Sonae investiu 563 milhões de euros, com o capex operacional decorrente do investimento no crescimento orgânico dos negócios a crescer 26,4% para 319 milhões. Quanto à gestão do portefólio, o grupo investiu 244 milhões, recebeu 104 milhões de dividendos e encaixou 660 milhões com a venda de ativos, designadamente a alienação de 24,99% do capital da MC e de 50% da MC na Maxmat. Durante o primeiro semestre deste ano, a alteração "mais relevante" no portefólio foi a aquisição de 10% na Sierra por 83,5 milhões, destaca o comunicado.
No documento enviado à CMVM, a Sonae garante que "reforçou a sua estratégia" nas pessoas durante 2022, referindo que, nos últimos 12 meses, criou mais de 1.400 empregos. Não especifica quantos deles foram no primeiro semestre deste ano, nem quantos refugiados ucranianos integrou, dizendo apenas que, entre os 1.400 novos contratados "estão ucranianos que fugiram da guerra para Portugal e que beneficiaram da iniciativa "Sonae For Ukraine", que inclui uma plataforma bilingue de emprego com 785 inscritos". Um projeto que "já soma mais de 900 horas de voluntariado" pelos colaboradores das várias empresas do grupo, em iniciativas como acolhimento de refugiados, apoio logístico ou ações de recrutamento presenciais por todo o país.
Quanto ao futuro, a CEO da Sonae diz-se confiante que o grupo está "bem posicionado para navegar" o próximo ciclo macroeconómico. "Como sempre, iremos manter-nos focados e unidos para ultrapassar os desafios económicos, sociais e ambientais da atualidade. No entanto, a volatilidade e a incerteza atuais conduzem a uma necessidade de agir com maior sentido de colaboração, velocidade e ambição", frisa.