O tabaco vai aumentar já na quarta-feira, dia 1. Tomando como exemplo a marca SG Ventil, o anunciado agravamento de dez cêntimos significa que aquele maço passará a custar 4,70 euros, uma subida de 18% (mais 80 cêntimos) face ao preço de 2011 (3,90 euros)..[pods name="dvct_show_in_page" slug="SG" template="SG"].[/pods].Apesar dos consecutivos aumentos do Imposto sobre o Tabaco (IT) e das campanhas que tentam sublinhar os seus malefícios, os consumidores não parecem dispostos a largar o vício. O volume de vendas dos cigarros aumentou 13,76% no ano passado face a 2015. O tabaco de enrolar caiu 15,18% e os charutos são cada vez menos procurados (-48,78%), tal como as cigarrilhas (-2,2%). Apenas o cachimbo convencional, a par dos cigarros, cresceu (+7,46%). O caso excecional verificou-se no tabaco para cachimbo de água, também conhecido como shisha, uma vez que as vendas mais do que duplicaram (+136%) no ano passado..[pods name="dvct_show_in_page" slug="cigarr1"].[/pods].O Estado teve a sua compensação, uma vez que as receitas fiscais do tabaco aumentaram em cerca de 300 milhões de euros, totalizando 1515 milhões, o valor mais alto desde 2011..O ritmo de agravamento da carga fiscal tem sido anual ou mesmo semestral. Em julho do ano passado, o tabaco sofreu um aumento. A portaria do Ministério das Finanças saiu em abril, mas o Governo permitiu, conforme está previsto na Lei, que as embalagens de cigarros com a estampilha antiga pudessem ser vendidas ao preço antigo até 30 de junho. No caso do SG Ventil, a marca mais popular produzida pela Tabaqueira, o aumento foi de dez cêntimos, idêntico ao que irá ocorrer agora..A escolha do tabaco de enrolar tem vindo a diminuir junto dos fumadores, embora este fosse, até há poucos anos, um segmento em crescimento. Razão: os governos aproveitaram a maior procura para carregar no imposto. O resultado foi a quebra continuada das vendas e uma menor receita global do imposto para o Estado em 2015, ano em que a diminuição se aproximou dos 200 milhões de euros. No final de 2014, a Associação Europeia do Tabaco estimava já que o aumento da carga fiscal sobre o tabaco de enrolar superasse o custo do maço de tabaco em 14%, prejudicando a receita fiscal do Estado..“O mercado global deverá ter estabilizado (mais cigarros, menos tabaco de enrolar e menos cigarrilhas). Este desenvolvimento parece corresponder ao objetivo do governo de preservar na medida do possível a base tributável em sede do IT, quer por via de uma moderação dos aumentos da tributação sobre cigarros (para evitar desvios para o comércio ilícito), quer por via de uma progressiva aproximação dos níveis de tributação entre os diversos segmentos de produto”, afirma fonte ligada à indústria do tabaco em Portugal..“O aumento do preço do tabaco de enrolar, por via dos impostos, levou a que os consumidores regressassem em força aos cigarros, que acabaram por ficar mais baratos. Por outro lado, quando o Governo decreta um aumento, há sempre uma corrida, durante três meses, para comprar ao preço antigo”, explica Helena Manuela, presidente da Associação Portuguesa de Armazenistas de Tabaco..Quando os cigarros ou o tabaco de enrolar ficam mais caros, a procura de outros tipos de tabaco aumenta. Esse é o caso do tabaco para cachimbo de água, cujas vendas mais do que duplicaram (+136%) em 2016..[pods name="dvct_show_in_page" template="cigar2"].[/pods].As associações do setor mostram-se surpreendidas com este crescimento. “Nós não vendemos tabaco para cachimbo de água. Esse fenómeno passa-nos ao lado. E não conheço qualquer local, no Porto ou em Lisboa, que tenha esse tabaco”, afirma João Belo, presidente da Associação Nacional dos Grossistas de Tabaco..“Vendemos cada vez mais, uma vez que o tabaco para shisha é melhor para saúde do que o cigarro. O cancro vitima muitas famílias e as pessoas procuram algo mais saudável. Em Lisboa, onde a comunidade muçulmana é maior, as vendas deverão ser superiores. Mas há muitos portugueses a aderir, sobretudo depois de visitarem países como Marrocos ou Tunísia”, afirma Filipe Guedes, dono de uma loja no Porto, que vende tanto o tabaco como os cachimbos de água..“A ideia que fumar cachimbo de água é menos prejudicial para a saúde é um engano, quanto a mim, e até mesmo o fumo passivo é danoso para as pessoas circundantes aos fumadores. As sessões de sisha são mais longas e as quantidades de fumo consumidas e libertadas para o ambiente são muito consideráveis”, afirma José Reis Ferreira, cardiologista..O cigarro eletrónico é outra opção para os fumadores, embora ainda não figure nas estatísticas da Autoridade Tributária. No entanto, o Ministério das Finanças revelou ao Dinheiro Vivo que, só no ano passado, foram vendidos 495 litros de nicotina em líquido, muito acima 57,96 litros de 2015. No entanto, o Ministério diz que os anos não são comparáveis, uma vez que os comerciantes puderam, a partir de janeiro de 2015, escoar todo o stock existente à data sem a obrigação de pagamento de imposto.