UE prolonga suspensão de medidas de retaliação contra tarifas dos EUA até agosto
A presidente da Comissão Europeia anunciou este domingo, dia 13 de julho, que a União Europeia vai suspender as medidas de retaliação contra as tarifas norte-americanas, previstas para segunda-feira, com o objetivo de continuar negociações com os Estados Unidos até 1 de agosto.
"Os Estados Unidos enviaram-nos uma carta com medidas que entrarão em vigor a menos que haja uma solução negociada. Por isso, estamos também a prolongar a suspensão das nossas medidas até agosto", anunciou Ursula Von der Leyen, em conferência de imprensa em Bruxelas.
A política conservadora alemã argumentou que, apesar de manter as medidas de retaliação suspensas, a União Europeia "continua a preparar" as contramedidas para "estar totalmente preparada" caso as negociações com a Casa Branca falhem.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no sábado a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos da União Europeia (UE), independentemente de todas as tarifas setoriais.
Os embaixadores dos 27 Estados-membros da União Europeia vão reunir-se este domingo num encontro extraordinário para avaliar em pormenor a carta tornada pública por Trump sobre as tarifas alfandegárias aos países europeus.
Já na segunda-feira, reúnem-se os ministros do Comércio da União Europeia num encontro extraordinário que também abordará o mesmo tema.
UE “tem as ferramentas” para se “defender”
A chefe da política externa europeia, Kaja Kallas, diz que a União Europeia tem "as ferramentas" para se defender das tarifas americanas, particularmente com os "serviços" que os Estados Unidos exportam para os europeus.
"A UE sempre procurou uma solução negociada. Mas, se necessário, também tem as ferramentas para defender os seus interesses", disse, em entrevista ao La Tribune Dimanche, ecoando a declaração de Ursula von der Leyen, ontem, logo após o anúncio de Donald Trump, de que a UE estava pronta para "continuar a trabalhar em direção a um acordo comercial" com Washington.
"No setor de serviços, a Europa está numa posição forte", argumentou Kallas, acrescentando que resta saber se estão "prontos para fazer algo".
Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024, segundo dados do Conselho da União Europeia.
Mas, se forem considerados apenas os serviços, a tendência inverte-se e a UE tem um défice comercial, sendo que, para Kaja Kallas, há margem de manobra neste setor para responder à ofensiva dos EUA.
"Deveríamos também ter uma espécie de Artigo 5 económico", sugeriu, referindo-se ao artigo do Tratado da NATO que exige que todos os membros da aliança defendam um país signatário quando este for atacado.