Madeira lança projeto inovador para atrair nómadas digitais de todo o mundo

A iniciativa <a href="https://digitalnomads.startupmadeira.eu/" target="_blank">Digital Nomad Madeira</a> é uma parceria entre o Governo Regional da Madeira, a Startup Madeira e Gonçalo Hall, nómada digital e consultor de trabalho remoto. O objetivo é trazer trabalhadores remotos para a ilha.
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O projeto agora lançado visa atrair trabalhadores remotos de todo o mundo para o arquipélago, onde poderão desfrutar de uma nova infraestrutura criada a pensar neles, onde existem desde espaços de trabalho, locais de atividades e de comunidade. Para já são esperados 700 novos trabalhadores.

Novidade para muitos e condição necessária para outros, o teletrabalho é agora explorado e, apesar de ter começado como uma imposição para muitos, vários estudos revelam que tem sido bem sucedido e trazido muitos novos fãs do conceito (pelo menos para um futuro formato híbrido, entre o trabalho presencial e o remoto).

Durante a pandemia o trabalho remoto tem ficado cada mais enraizado socialmente, prática que os nómadas digitais - indivíduos que trabalham online e viajam a tempo inteiro pelo mundo - abraçaram há já vários anos.

"Quando organizei a conferência Future of Work Portugal a partir da Madeira, surgiu em conversa com o secretário Regional da Economia Rui Barreto, o impacto positivo que os nómadas digitais podem ter na economia e a minha surpresa pelo facto de a Madeira não estar de todo no mapa dos nómadas", começa por contar o consultor ao Dinheiro Vivo.

O objetivo passa, entre outros, por "promover as ilhas" de forma a atrair este tipo de trabalhadores e conta com desafios como a adaptação dos "empreendedores locais para compreender este mercado e desenvolverem projetos para este público".

Além da ideia original, foi também desenvolvido o espaço Digital Nomad Village, na Ponta do Sol, de forma a "desenvolver a vila para se tornar num paraíso para nómadas, que procuram um local incrível para trabalhar ao mesmo tempo que vivem numa comunidade unida", declara Gonçalo Hall.

"O impacto económico e social de trazer trabalhadores remotos para a Madeira é enorme, principalmente para as vilas e cidades mais pequenas como a Ponta do Sol que têm muitas casas vazias e um enorme potencial", acrescenta o consultor.

Em números, são esperados 100 trabalhadores na Ponta do Sol, que ficarão por um período de 5 meses, que se renovam durante o tempo. No entanto, ao arquipélago, estima-se que o número chegue aos 700 nómadas digitais até ao final da primavera.

Este tipo de trabalhadores remotos costuma ter rendimentos elevados e podem aplicar parte do salário em negócios locais "desde cafés, alojamento, restaurantes, mercearias e outros". Com a estadia a rondar os cerca de 2 meses, contrariamente aos "tradicionais 7 dias do turismo", esse impacto vai ser muito mais nítido e vai "preparar a Madeira para um tipo diferente de turismo que se irá massificar no futuro", diz Gonçalo Hall

"O arquipélago não só recuperará mais depressa, como verá a sua imagem muito melhorada no mercado mais jovem e irá atrair um novo público que não conhecia as ilhas da Madeira", afirma ainda o consultor.

E porque não só de economia vive uma região, no âmbito social, o programa conta auxiliar o desenvolvimento de oportunidades, nomeadamente com o nascimento de empresas e negócios com impacto na diversificação e possível criação de postos de trabalho, bem como "ajudar associações através de iniciativas como o Charity Makeover, um final de semana com nómadas de várias áreas" para contribuir para o desenvolvimento de associações locais.

Se, numa fase inicial, nada de bom se parecia retirar daquele que foi, e continua a ser, um dos vírus mais impeditivos para o mercado de trabalho, agora as opiniões divergem. "Existia um medo de perder o controlo por parte das empresas que foi perdido pela obrigatoriedade da implementação do trabalho remoto que nem sempre foi bem feita mas os medos foram-se perdendo com as experiências positivas. O trabalho remoto vai ser o novo normal em muitas empresas e as pessoas podem agora escolher onde querem estar", afirma o nómada digital.

Ainda que com muitos céticos em relação ao teletrabalho, a adesão a esta iniciativa, que é pioneira em Portugal e, no caso da Nomad Village pioneira a nível mundial, "tem sido incrível". Na primeira semana de lançamento, eram já 200 o número de inscrições.

É fácil imaginar as razões que levaram à escolha da região, no entanto, o consultor e nómada digital reúne uma série de vantagens que passam por "ter um clima fantástico, cultura, a qualidade gastronómica, a internet rapidíssima, o oceano para fazer mergulho ou surfar, as montanhas para caminhadas, o verde e as cascatas", bem como, a possibilidade de "trabalhar com vista para o oceano".

Sendo Portugal um país de elevadas qualidades reconhecidas, Gonçalo Hall afirma que este "tem muito potencial desaproveitado" e que "Lisboa é uma das capitais europeias do nomadismo digital". Ainda assim, a iniciativa apenas se focará no arquipélago nos próximos tempos, uma vez que "falta uma estratégia bem estruturada como a Madeira está a fazer, para tornar Portugal mais atrativo para os nómadas digitais e trabalhadores remotos".

O consultor adianta ainda que "o impacto que pode ter nas zonas rurais, por exemplo, é enorme e muito positivo."

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