Maior investidor europeu em inovação energética tem 20 startups lusas no portefólio

Descarbonização. InnoEnergy apoia mais de 200 startups no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis. Em dez anos investiu 700 milhões para acelerar a transição energética.
Empresa de geração de energia a partir das ondas do mar, com base de testes na costa portuguesa. foi apoiada desde o início pela InnoEnergy. Foto: D.R.
Empresa de geração de energia a partir das ondas do mar, com base de testes na costa portuguesa. foi apoiada desde o início pela InnoEnergy. Foto: D.R.
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Em pouco mais de uma década, a EIT InnoEnergy já investiu cerca de 700 milhões de euros para acelerar a descarbonização da economia. A empresa, que tem apoio da União Europeia e do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT, na sigla em inglês), é “atualmente o maior investidor em energia na Europa” e a que detém “o maior portefólio de investimentos no mundo” nesta área, revela Andreia Fernandes, diretora da InnoEnergy em Portugal.

Neste momento, está a apoiar projetos de perto de 200 startups, de forma a acelerar a transferência de novas soluções energéticas para o mercado. Em Portugal, está envolvida em cerca de 20 empresas.

O CorPower Ocean é um dos projetos com marca InnoEnergy em território português. É uma empresa de origem sueca que está a desenvolver uma tecnologia de geração de energia a partir das ondas do mar, tendo instalado a sua base de testes ao largo da praia da Aguçadoura, na Póvoa de Varzim. Segundo Andreia Fernandes, a InnoEnergy investiu na CorPower logo nas suas primeiras horas, em 2014, quando ainda “era um projeto de inovação”, que visava o desenvolvimento de uma boia para aproveitar as ondas para produzir energia e injetá-la na rede elétrica. 

Só recentemente é que o trabalho da empresa sueca foi totalmente reconhecido, depois de demonstrar capacidade para gerar energia e de a boia ter sobrevivido a fortes tempestades. “Agora, é uma empresa que está a testar a solução tecnológica já numa fase avançada e é bastante enriquecedor nós termos acelerado a sua entrada no mercado”, que está prevista para 2030/31, sublinha Andreia Fernandes. A solução tecnológica da CorPower implicou mais de mais de uma década de trabalho. Como destaca a responsável, “isto é um dos desafios da inovação tecnológica na área da energia. Estas soluções demoram bastante tempo a chegar ao mercado, não é num ano que conseguimos ter uma solução”.

Portugal, país que “tem recursos naturais interessantes para desenvolver soluções de base tecnológica na área da energia sustentável, políticas progressistas para a produção de energias renováveis e uma forte cultura de inovação tecnológica, tem um ambiente fértil para atrair investimentos estratégicos para o desenvolvimento de novas tecnologias” na área da energia, defende Andreia Fernandes. Por isso, é que um ano depois da sua constituição, em 2011, a InnoEnergy iniciou atividade em território nacional.

Com um modelo de atuação semelhante a uma capital de risco, a empresa europeia ajudou a crescer a portuguesa Eneida.io e entretanto já fez o “exit”. A Eneida.io, cuja missão é transformar os espaços urbanos em zonas com emissões zero através da monitorização e controlo das redes de baixa tensão, concluiu em julho uma ronda de financiamento Série B no valor de 10,5 milhões de euros, tendo sido adquirida a posição da InnoEnergy. “Quando as empresas já entraram no mercado, têm interação e estão resilientes, é a altura que nós saímos, porque já fizemos o nosso trabalho. E uma delas foi a Ineida”, diz.

Outro exemplo de empresas participadas pela InnoEnergy com sucesso em rondas de financiamento é a transmontana Enline. A empresa europeia descobriu esta startup numa fase muito inicial do projeto, mas viu potencial no seu negócio de desenvolvimento de software e inteligência artificial para gestão e manutenção de redes elétricas. A InnoEnergy entrou em 2018 na Enline e, este ano, viu a startup concluir uma ronda de 3,5 milhões de dólares (cerca de 3,3 milhões de euros). O Santander foi um dos investidores nas duas empresas citadas.

Andreia Fernandes destaca ainda o caso da Candam Tech, empresa espanhola onde a InnoEnergy tem participação. A portuguesa Sogrape escolheu esta startup para o seu primeiro investimento através do Fundo de Capital de Risco Sogrape Ventures. A Candam trabalha soluções de hardware e software para a gestão de resíduos, com foco especial em embalagens de bebidas (vidro e alumínio). A ronda de financiamento totalizou 1,1 milhões de euros. 

A nível europeu, a InnoEnergy está a apoiar mais de 500 inovações em energia sustentável, que deverão assegurar 110 mil milhões de euros em receita e economizar 2,1 giga toneladas de CO2 até 2030. A empresa está também ativa na procura de soluções ao nível do armazenamento de baterias, hidrogénio verde e energia solar fotovoltaica. Outra das apostas é o apoio à formação de nível superior em matérias relacionadas com a energia. A InnoEnergy tem presença em oito países da Europa e em Boston, EUA.

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