42% das empresas querem contratar mais em 2024

Tecnologias da informação lideram nas intenções de recrutamento. 14% dos empregadores preveem cortes na mão-de-obra.
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Os efeitos da instabilidade geopolítica causada pelos dois conflitos em curso na Europa e no Médio Oriente, assim como as elevadas taxas de juro, contribuíram para um abrandamento das intenções de contratação para o início de 2024. No entanto, a projeção para a criação líquida de emprego mantém-se em terreno positivo, posicionando-se nos 28% em Portugal e com 42% dos líderes nacionais a planear contratar ao longo do primeiro trimestre do próximo ano.

As conclusões fazem parte do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, que indica ainda que 14% dos empregadores portugueses preveem ter de reduzir as suas equipas nos primeiros três meses do novo ano. Não obstante a projeção para a criação líquida de emprego se situar nos 28% em território nacional - dois pontos percentuais (p.p.) acima da média global de 26% e cinco p.p. superior aos 23% de média da região compreendida pela Europa, Médio Oriente e África (EMEA) -, trata-se de uma queda de sete p.p. entre os últimos três meses de 2023 e o primeiro trimestre do próximo ano.

Desta forma, é expectável que no período entre janeiro e março de 2024 continuemos perante um mercado de trabalho "resiliente e com a procura por talento qualificado a manter-se forte em diversos setores", afirma Rui Teixeira, country manager do ManpowerGroup.

De facto, entre os nove setores de atividade analisados para a elaboração do estudo, as áreas de tecnologias da informação (TI), serviços de comunicação e transportes, logística e automóvel são as que apresentam projeções mais robustas.

As TI dominam com perspetivas de criação de emprego de mais 57%, a mais elevada no setor ao nível nacional em oito trimestres. Aliás, Portugal posiciona-se como o terceiro país com mais intenções de contratação nas TI, superando a média global em 21 p.p., com valores que se justificam pelo contínuo investimento na transformação digital e automatização dos negócios.

No que diz respeito aos serviços de comunicação, que incluem telecomunicações e media, as intenções de recrutamento são de mais 50%, mais 12 p.p. face ao último trimestre deste ano. A evolução nesse setor prende-se particularmente com o "crescimento nas áreas dos serviços e media interativos e as crescentes necessidades de serviços de telecomunicação que suportem a digitalização de negócios", explica o responsável.

A ocupar o terceiro lugar, o setor de transportes, logística e automóvel prevê mais 36% de contratações, embora se encontre em decréscimo face aos últimos três meses de 2023, com uma redução de 13 p.p., sendo mesmo o setor com maior descida entre trimestres.

Para o resto do ano, ainda não existem dados que suportem uma previsão além do primeiro trimestre. No entanto, a confirmar-se a "ligeira, mas gradual" recuperação da atividade económica ao longo do próximo ano, é expectável que o mercado de trabalho "acompanhe essa evolução", prevê o ManpowerGroup. Ainda assim, a tensão deverá continuar na procura por talento qualificado, sobretudo nas competências necessárias à transformação digital, transição verde e renovação dos modelos de negócio das empresas portuguesas.

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