Mais de 70% dos líderes europeus estão confiantes no crescimento do seu negócio em 2024

Recrutamento e retenção de talento continuam a ser os principais desafios apontados pelas lideranças. Ao nível das competências, empresas aumentam procura por profissionais especializados na área da sustentabilidade.
Atração e retenção de talento continuam a ser grandes desafios para as empresas em 2024
Atração e retenção de talento continuam a ser grandes desafios para as empresas em 2024Maria João Gala/Global Imagens
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Apesar do panorama económico e geopolítico que tem levantado desafios transversais a todos os países e setores de atividade, grande parte dos líderes europeus permanecem confiantes no potencial de crescimento das suas empresas em 2024. São 78% os responsáveis que se mostram otimistas, com 36% a afirmarem-se "muito confiantes" e 42% "confiantes", de acordo com as conclusões do estudo Exploring Adaptivity Through Strategy and Talent, realizado pela Boyden.

Não obstante a visão positiva face à evolução dos seus negócios, as lideranças consideram que esse potencial de crescimento não está alinhado com o talento de que dispõe. A falta de algumas competências leva a que 60% dos inquiridos afirmem não dispor do talento necessário à execução das suas estratégias, pelo que em 2024 pretendem reforçar as competências digitais (54%), nomeadamente em inteligência artificial, robótica e machine learning, mas também de inovação (46%).

Adicionalmente, e a integrar pela primeira vez o top três de skills mais procuradas, 33% dos líderes pretendem recrutar profissionais com competências na área da sustentabilidade.

Embora a necessidade de recursos mais qualificados se mantenha, a captação e retenção de talento continua a ser um dos principais desafios apontados pelas lideranças. São 63% os responsáveis que antecipam desafios no recrutamento em 2024 e 52% os que esperam encontrar dificuldades na retenção. No entanto, uma franja mais pequena das lideranças (41%), prevê um aumento de contratações ao longo do ano.

Flexibilidade procura-se

Por forma a combater as dificuldades relativas ao capital humano, as organizações dizem querer apostar em bónus com base na performance dos trabalhadores, no trabalho híbrido e flexível e no desenvolvimento das lideranças.

Mas se atrair recursos é complexo, mantê-los também não é fácil num mercado que se vê "cada vez mais dinâmico e volátil, principalmente com a nova geração", explica Luís Melo, country managing partner da Boyden Portugal.

Na opinião do responsável, os mais novos parecem mostrar-se mais recetivos a mudanças, mesmo quando estão satisfeitos com a sua situação profissional, e essa necessidade de novos desafios leva a que a motivação salarial, por si só, já não seja suficiente para fixar recursos.

O trabalho flexível, por exemplo, é uma tendência que veio para ficar e que pode impactar diretamente a vontade dos colaboradores de permanecer numa empresa. Não se trata apenas de permitir um modelo híbrido, é preciso flexibilidade no trabalho: "foi algo que ficou da pandemia, mas a verdade é que são precisas lideranças mais flexíveis, mais empáticas. Uma liderança mais humana e capaz de entender os problemas das suas pessoas", explica Melo.

Além disso, acredita que as empresas podem e devem apostar no reskilling e upskilling dos seus colaboradores como forma de combater a escassez de talento, mas também na "criação de ecossistemas que incluam outras organizações e universidades".

Líderes temem recessão global

Apesar do otimismo das lideranças face ao potencial de crescimento dos seus negócios, os inquiridos não deixam de estar atentos a eventuais riscos. Entre os três principais fatores de risco antecipados pelos profissionais está a possibilidade de uma recessão global (42%), o contexto geopolítico (40%) e a inflação (32%).

Por forma a estarem preparados para uma eventual recessão à escala mundial, as lideranças apontam a capacidade de tomar decisões mais rápido como essencial, além do foco em construir novas áreas de negócio e no aproveitamento de todos os recursos da organização.

Além dos riscos externos, há também dificuldades internas a ser ultrapassadas. Da falta de inovação aos desafios da transformação digital e ao fortalecimento das equipas de liderança, as organizações precisam de flexibilidade estratégica (43%), competir pelo talento necessário (41%) e de apostar nos avanços digitais (39%) para serem capazes de realizar mudanças estruturais que contribuam para a eliminação desses riscos.

Para indicação futura, as lideranças da atualidade querem-se cada vez mais ágeis e com grande capacidade para "navegar um mercado que é turbulento, em que as coisas mudam a grande velocidade", conclui Luís Melo.

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