Mais de um terço das mulheres sente que não ganha o suficiente para poupar ou investir

Estudo da Mastercard revela que, para a maioria das portuguesas, ter controlo sobre o seu próprio dinheiro é o verdadeiro significado de "empoderamento financeiro". Contudo, a disparidade salarial entre géneros continua a ser um obstáculo para 41%.
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 Mais de um terço das mulheres portuguesas sente que não ganha o suficiente para poupar ou fazer qualquer tipo de investimento, para além de pagar as despesas diárias - razão pela qual 36% perceciona dedicar menos tempo à gestão das finanças do que outras tarefas. A conclusão pertence a um estudo da Mastercard, que revela que o último número desce para 33% no caso dos homens.

Para a realização da segunda edição do “Mulheres e Finanças”, a consultora Vitreous Worldwide recolheu dados de mais de 12 mil consumidores - homens e mulheres - em 12 países europeus, incluindo Portugal, onde 71% das inquiridas afirma procurar mais informação e orientação para melhor gerir o seu dinheiro. A transparência e a honestidade na hora de debater o assunto são altamente valorizadas por 83% .

Ter controlo sobre o seu próprio dinheiro é, para a grande maioria das mulheres (76%), o verdadeiro significado de “empoderamento financeiro” - mais de metade (59%) confessa mesmo que esse empoderamento aumentou substancialmente sua autoconfiança. Contudo,  há ainda uma parcela significativa (33%) que descreve esse conceito como negativo ao verificar o seu saldo bancário, ato realizado todos os dias por 48%. 

Uma constatação preocupante reside no facto de mais de metade (58%) das mulheres que participaram no estudo demonstrarem receios em falar das suas finanças pessoais, devido à exposição da privacidade, e quase um terço (29%) afirmar que teme ser julgada ao discutir o tema - 40% considera, aliás, que em Portugal não se fala de finanças pessoais abertamente. 

Sobre o mercado de trabalho, 41% das inquiridas diz ser claro que a disparidade salarial entre homens e mulheres é impeditiva da capacitação financeira, opinião essa que é partilhada por apenas 25% dos homens. Além disso, apenas 27% acredita que o seu local de trabalho tem políticas encorajadoras ao nível da igualdade salarial ou políticas de pensões.

Ainda que “avanços positivos em direção à paridade salarial das mulheres” tenham sido registados nos últimos anos, Maria Antónia Saldanha, country manager da Mastercard em Portugal, destaca a importância de abordar o tema e a necessidade contínua de esforços para elevar o empoderamento financeiro das mulheres, ressaltando que "apenas uma em cada quatro se sente apoiada financeiramente no local de trabalho”.

No que respeita ao uso de ferramentas digitais e inteligência artificial para gerir as finanças, somente 7% das mulheres portuguesas as utilizam, embora 23% afirmem conhecê-las e 27% não saibam por onde começar. As calculadoras de poupança (19%) são as mais utilizadas, seguidas por aplicações (apps) de orçamentação (18%) e gestão de dinheiro (14%).

Em termos de educação financeira, menos de um terço (25%) compreende o conceito de hipotecas, face a 33% dos homens, e apenas 37% refere estar confortável a lidar com este tema, versus 44% dos homens. Já quando o assunto são as pensões, 32% dizem estar informadas, uma percentagem ligeiramente inferior face ao universo masculino (35%), e 72% planeia mesmo tomar decisões mais esclarecidas e inteligentes com os seus rendimentos para criar riqueza.

As redes sociais, especialmente o Youtube (77%), Instagram (64%) e TikTok (62%), são consideradas "ótimas fontes de informação financeira". Por último, quando tomam decisões neste âmbito, 57% das mulheres portuguesas e espanholas ainda procura o aconselhamento de amigos ou familiares, uma percentagem que contrasta com as de nacionalidade belga (39%) e francesa (35%), que se sentem menos apoiadas.

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