
As funcionalidades disponibilizadas em todos os eixos tecnológicos, desde a criatividade, grafismo, suporte administrativo, recolha estruturada de informação, programação e mecanismos de prevenção a ciberataques, entre outros, serão cada vez mais incorporadas no dia-a-dia tanto a nível pessoal como corporativo. A existência destes componentes será também um motivo catalisador para a revisão por parte das organizações dos seus processos internos, com o objetivo de atingir uma maior eficiência, execução mais rápida de diversas atividades e capacidade de acesso a informação mais personalizada.
Com a introdução de capacidades avançadas de Inteligência Artificial (IA), as empresas poderão redirecionar o capital humano para tarefas de valor acrescentado e até repensar estrategicamente a criação de novos produtos e serviços. Seguramente, ao longo deste ano, surgirão melhorias aos produtos conhecidos, mas também surgirão outros que ainda não foram desenvolvidos e muito provavelmente ainda nem foram pensados. Esta é uma tendência clara dos ciclos cada vez mais curtos de ideação, desenvolvimento e disponibilização.
Por outro lado, a par deste desenvolvimento rápido e adesão massiva, 2024 será marcado pela adoção do Regulamento de Inteligência Artificial. Sendo pioneiro no mundo, resultou de um acordo alcançado em dezembro de 2023, entre o Conselho e o Parlamento europeus, que tem como objetivo garantir que os direitos fundamentais e os valores da União Europeia são respeitados e que os sistemas de IA colocados e disponibilizados no mercado europeu são seguros.
Desde a publicação em 2018 da “Estratégia Europeia para a Inteligência Artificial”, a abordagem europeia tem desenvolvido vários esforços focados na criação de regras para uma IA fiável, reforçada pela declaração expressiva da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen: “A Inteligência Artificial já afeta as nossas vidas e estamos apenas no início. Utilizada de forma sensata e generalizada, a IA promete enormes benefícios para a nossa economia e sociedade.”
A comissão lançará um Pacto para a IA, para assegurar um período transitório, contando com o compromisso voluntário de aplicabilidade das principais obrigações do Regulamento de IA por parte de criadores de IA da Europa e de todo o mundo. Prevê-se a completa aplicabilidade destas regras até dois anos após entrada em vigor, com metas intermédias para introdução de disposições específicas para o primeiro semestre e outras para o final do ano. Neste mesmo sentido, também já existem algumas empresas no mercado a declarar publicamente as suas políticas de IA responsável, incluindo temas como transparência de processos de decisão, gestão de dados e respetivo controlo.
Em resumo, teremos uma fiscalização da aplicação das novas regras europeias sobre a IA, ao mesmo tempo que existirá um dinamismo permanente com novas funcionalidades a serem disponibilizadas e adotadas em grande escala.
Professora da Área de Operações, Tecnologia e Inovação da AESE Business School