"Marca Pingo Doce sai bastante prejudicada na reputação junto da opinião pública"

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"O prejuízo não resulta da promoção propriamente

dita", mas a "situação de autêntico caos em praticamente todas as lojas

da marca", justifica o vice-presidente e responsável de negócio e operações da Cision,

empresa de avaliação de personalidades, marcas, produtos, entre outros, através de

ferramentas de monitorização dos media, faz a leitura da promoção de 50% do Pingo Doce, no 1.º de maio, Dia do Trabalhador.

A marca Pingo Doce sai reforçada ou

penalizada para a opinião pública com esta iniciativa?Em termos de reputação, a marca Pingo

Doce sai bastante prejudicada junto da opinião pública após esta

campanha. Este prejuízo não resulta da promoção propriamente

dita, que reunia os condimentos necessários para conseguir reforçar

a notoriedade da marca, mas resulta no efeito colateral que viria a

gerar: situação de autêntico caos em praticamente todas as lojas

da marca que levaram à intervenção da PSP em muitas delas.

Praticamente todas as notícias que

foram veiculadas até à data sobre este assunto são tendencialmente

desfavoráveis para a reputação da marca e a grande maioria dos

comentários nas redes sociais demonstram um sentimento negativo para

com a marca.A questão que se me coloca é se quem

idealizou a campanha não previu que este tipo de ocorrências

pudessem acontecer, o que me parece de uma grande ingenuidade, ou se

por outro lado conseguiu prever as consequências, mas ainda assim

acreditou, que esta era uma boa campanha.O facto de a promoção ter sido feita

no Dia do Trabalhador tem algum peso?Era inevitável que viesse a ser

utilizada como arma de arremesso político por sindicatos e partidos

de esquerda. Não são inclusive novidade as vozes discordantes em

relação à abertura dos hipermercados no dia 1 de maio. Contudo,

desta vez, o caos gerado nas lojas acabou por inflamar ainda mais

esta questão, fazendo-a perdurar no tempo, na agenda mediática e

consequentemente na discussão pública.

A transferência da holding do grupo

Jerónimo Martins para a Holanda, que ainda recentemente tinha ferido

a reputação da empresa e da sua marca mais forte, o Pingo Doce, foi

inevitavelmente relacionada e está mais uma vez no centro da

polémica.O Pingo Doce não fez publicidade, nem

qualquer género de comunicação a anunciar a promoção, presume-se

que terá funcionado o passa palavra ou o valor da promoção era

mais forte?Está demonstrado que a comunicação

baseada no word of mounth é a mais eficaz. As novas tecnologias e as

redes sociais vieram permitir que o passa palavra seja hoje um forma

de comunicação rápida, eficaz e transversal a todas as pessoas,

pelo que facilmente se sobrepõe aos princípios da comunicação de

massas .O efeito viral que uma mensagem desta natureza pode provocar

é avassalador. Afinal quem não gosta de comprar mais barato?Ao mesmo tempo, há quem esteja a

retirar uma leitura social disto tudo. Qual a sua?A crise para além de ser um estado

material que invadiu toda a conjuntura portuguesa, é ao mesmo tempo

um estado de espírito, uma atitude, uma forma de vida, que vem

contaminando a sociedade portuguesa e que é diariamente alimentado

pelos media. As campanhas de comunicação que alicerçam a mensagem

neste estado de alma têm geralmente bastante sucesso, pelo que uma

campanha de 50% de desconto em bens de primeira necessidade era de

prever que tivesse um adesão estrondosa. Uma adesão estrondosa

significa necessariamente, grande afluência de pessoas, filas

intermináveis, confusão generalizada, caos, que era necessário

prever, dimensionar e ajustar de acordo com os objetivos estratégicos

da campanha. Não creio que este trabalho tenha sido feito e os

resultados estão aí.

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