O filme mostrou alguns dos avanços tecnológicos que Marty McFly, protagonizado pelo ator Michael J. Fox, encontrou trinta anos depois. E em muitos casos a ficção encontrou a realidade. Mas a revista brasileira Veja decidiu ir mais longe e comparar as economias brasileira e americana que Marty McFly deixou no passado com as que encontrou 30 anos depois.
O Dinheiro Vivo propõe-lhe o mesmo exercício, mas para conhecer as diferenças entre as economias de Portugal, União Europeia e Estados Unidos em 1985 e 2015.
Desemprego:
Onze anos depois do 25 de Abril e a um ano de entrar para a União Europeia, Portugal tinha uma taxa de desemprego de 8,5%. Para 2015, a última previsão, feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) é que se situe em 12,3%. É ainda uma taxa muito elevada, mas já longe do pico de 16,2% que atingiu em 2013. Desde então tem vindo tendencialmente a baixar, encontrando-se contudo os 12,4% registados em agosto ainda muito acima dos 9,5% da média dos 28 países da União Europeia no mesmo mês, enquanto na zona euro a taxa de desemprego foi de 11%.
Já a taxa de desemprego americana ficou em agosto nos 5,1%, o valor mais baixo desde abril de 2008, o ano em que despoletou a maior crise económica e financeira mundial desde a segunda grande guerra.
Inflação:
Em 1985, a inflação em Portugal, medida pelo índice de preços ao consumidor (IPC) era de 16,8%. A adesão à moeda única em 1999 trouxe alguma tranquilidade nesse aspecto. Agora a preocupação é inversa. Não uma inflação demasiado alta, mas demasiado baixa. Em setembro de 2015 a taxa anual da inflação portuguesa situou-se em 0,9%, ainda assim das mais altas da UE que, tal como a zona euro, regressou a terreno negativo (-0,1%). O objetivo do Banco Central Europeu (BCE) é que a taxa se fixe abaixo, mas próximo, dos 2%.
Nos Estados Unidos, quando McFly viajou para o futuro, há 30 anos, a inflação era de 3,8%. Hoje, tal como a Europa, o país do tio Sam debate-se com uma inflação ainda muito distante dos 2% considerados adequados pela Reserva Federal (Fed). Em setembro, e pelo segundo mês consecutivo, a inflação anual norte-americana (IPC) foi negativa, caindo para -0,2%, face aos -0,1% em agosto.
PIB:
A riqueza nacional pouco passava dos 95 mil milhões de euros quando McFly deixou o passado em 1985. Trinta anos depois, o produto interno bruto (PIB) português a preços constantes supera os 173 mil milhões, quase duplicando de lá para cá.
Na União Europeia, o salto foi ainda maior. Em 1995 o PIB já ultrapassava os sete biliões de euros, tendo chegado no final do ano passado a perto de 14 biliões, ou seja, o dobro só nas últimas duas décadas.
Dez anos antes, já o país em que o filme se desenrola, os Estados Unidos, tinham m PIB de 4,3 trilhões de dólares, sendo há décadas a maior potência económica mundial. De lá para cá a riqueza americana mais do que quadruplicou, situando-se agora nos 18 trilhões de dólares.
Dívida pública:
Uma década depois de McFly deixar o passado, a dívida pública portuguesa situava-se em cerca de 53 mil milhões de euros, o que correspondia a 58,2% do PIB. Hoje esse rácio está perto dos 130%, com a dívida a ultrapassar os 225 mil milhões de euros.
Embora tenha vindo a baixar nos últimos meses, o peso da dívida portuguesa no PIB ultrapassa ainda em muito os 93% do PIB da média dos países da zona euro, cujas dívidas excedem na maioria os 60% do PIB exigidos para o espaço da moeda única.
Nos Estados Unidos a dívida pública também disparou nestes trinta anos, sendo hoje de 103% do PIB.