McFly regressou do passado. Que economia encontrou?

O futuro é hoje. Pelo menos o do personagem principal do filme "Regresso ao Futuro 2", estreado em 1989, que viajou no tempo partindo de outubro de 1985 para desembarcar no futuro exatamente no dia 21 de outubro de 2015.
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O filme mostrou alguns dos avanços tecnológicos que Marty McFly, protagonizado pelo ator Michael J. Fox, encontrou trinta anos depois. E em muitos casos a ficção encontrou a realidade. Mas a revista brasileira Veja decidiu ir mais longe e comparar as economias brasileira e americana que Marty McFly deixou no passado com as que encontrou 30 anos depois.

O Dinheiro Vivo propõe-lhe o mesmo exercício, mas para conhecer as diferenças entre as economias de Portugal, União Europeia e Estados Unidos em 1985 e 2015.

Desemprego:

Onze anos depois do 25 de Abril e a um ano de entrar para a União Europeia, Portugal tinha uma taxa de desemprego de 8,5%. Para 2015, a última previsão, feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) é que se situe em 12,3%. É ainda uma taxa muito elevada, mas já longe do pico de 16,2% que atingiu em 2013. Desde então tem vindo tendencialmente a baixar, encontrando-se contudo os 12,4% registados em agosto ainda muito acima dos 9,5% da média dos 28 países da União Europeia no mesmo mês, enquanto na zona euro a taxa de desemprego foi de 11%.

Já a taxa de desemprego americana ficou em agosto nos 5,1%, o valor mais baixo desde abril de 2008, o ano em que despoletou a maior crise económica e financeira mundial desde a segunda grande guerra.

Inflação:

Em 1985, a inflação em Portugal, medida pelo índice de preços ao consumidor (IPC) era de 16,8%. A adesão à moeda única em 1999 trouxe alguma tranquilidade nesse aspecto. Agora a preocupação é inversa. Não uma inflação demasiado alta, mas demasiado baixa. Em setembro de 2015 a taxa anual da inflação portuguesa situou-se em 0,9%, ainda assim das mais altas da UE que, tal como a zona euro, regressou a terreno negativo (-0,1%). O objetivo do Banco Central Europeu (BCE) é que a taxa se fixe abaixo, mas próximo, dos 2%.

Nos Estados Unidos, quando McFly viajou para o futuro, há 30 anos, a inflação era de 3,8%. Hoje, tal como a Europa, o país do tio Sam debate-se com uma inflação ainda muito distante dos 2% considerados adequados pela Reserva Federal (Fed). Em setembro, e pelo segundo mês consecutivo, a inflação anual norte-americana (IPC) foi negativa, caindo para -0,2%, face aos -0,1% em agosto.

PIB:

A riqueza nacional pouco passava dos 95 mil milhões de euros quando McFly deixou o passado em 1985. Trinta anos depois, o produto interno bruto (PIB) português a preços constantes supera os 173 mil milhões, quase duplicando de lá para cá.

Na União Europeia, o salto foi ainda maior. Em 1995 o PIB já ultrapassava os sete biliões de euros, tendo chegado no final do ano passado a perto de 14 biliões, ou seja, o dobro só nas últimas duas décadas.

Dez anos antes, já o país em que o filme se desenrola, os Estados Unidos, tinham m PIB de 4,3 trilhões de dólares, sendo há décadas a maior potência económica mundial. De lá para cá a riqueza americana mais do que quadruplicou, situando-se agora nos 18 trilhões de dólares.

Dívida pública:

Uma década depois de McFly deixar o passado, a dívida pública portuguesa situava-se em cerca de 53 mil milhões de euros, o que correspondia a 58,2% do PIB. Hoje esse rácio está perto dos 130%, com a dívida a ultrapassar os 225 mil milhões de euros.

Embora tenha vindo a baixar nos últimos meses, o peso da dívida portuguesa no PIB ultrapassa ainda em muito os 93% do PIB da média dos países da zona euro, cujas dívidas excedem na maioria os 60% do PIB exigidos para o espaço da moeda única.

Nos Estados Unidos a dívida pública também disparou nestes trinta anos, sendo hoje de 103% do PIB.

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