As empresas de correios transportaram 290,6 milhões de objetos entre janeiro e junho deste ano, o que representa uma quebra homóloga de 3%. Os dados foram revelados esta quarta-feira pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que ainda dá conta de perdas de receitas no setor (-0,8%) devido à pandemia da Covid-19. Não obstante, o regulador acredita que o setor já iniciou processo de recuperação dos efeitos da pandemia.
"Estima-se que a pandemia tenha provocado uma diminuição de 8% do tráfego [postal] no primeiro semestre, impacto menos severo do que o ocorrido no primeiro semestre de 2021, no qual se estimava uma diminuição de 9,5% por efeito da covid-19", lê-se no comunicado da Anacom.
A Anacom registou nos primeiros seis meses do ano quebras no tráfego postal em todas as linhas. Apenas o tráfego da publicidade que chega às caixas de correio de lares e empresas cresceu. "O tráfego de correspondências, de correio editorial e de encomendas caiu 3,6%, 5,8% e 5,6%, respetivamente, enquanto o tráfego de publicidade endereçada aumentou 12,5%", lê-se.
Também o tráfego internacional de entrada, que representava cerca de 5% do total de tráfego postal, caiu a pique. "Diminuiu 24,9% em relação ao semestre homólogo [de 2021]", refere a Anacom, justificando a contração com o "fim da isenção do IVA nas compras extracomunitárias de baixo valor".
Por tudo isto não será de estranhar que as receitas geradas pelos operadores postais tenham encolhido. No final de junho, as receitas do setor ascendiam a 349,1 milhões de euros, menos 0,8% face ao primeiro semestre de 2021.
A quebra deveu-se, sobretudo, "à evolução das receitas de encomendas, que diminuíram 3,9%". Aliás, o peso das encomendas no total do tráfego diminuiu 0,3 pontos percentuais, sendo que o peso nas receitas totais do setor foi de 41,4%, menos 1,3 pontos percentuais.
Não obstante, as receitas de correspondências, de correio editorial e de publicidade endereçada aumentaram, respetivamente, 1,5%, 0,9% e 0,8%. Todavia, o crescimento não evitou quebras.
"A receita média por objeto aumentou 2,2% face ao semestre homólogo, tal como vem acontecendo desde 2018". Este aumento deve-se, sobretudo, ao "crescimento da receita unitária das correspondências (+5,3%), influenciado pelos aumentos de preços promovidos pelos CTT a 1 de abril de 2021 e a 7 de março de 2022".
No quadro geral do setor, no final dos primeiros seis mese do ano, "as correspondências representaram 74,2% do tráfego postal, enquanto o correio editorial e a publicidade endereçada representaram 7,2% e 7,4% respetivamente". Observando apenas o serviço universal, assegurado pelos CTT, verifica-se que os serviço público foi responsável por 81,1% do tráfego e por 52,5%.
Percebe-se que a quebra do tráfego e receitas do setor postal não é maior por causa do serviço postal universal. Porém, a Anacom indica que os serviços postais públicos estão também em queda. "O tráfego de SU [serviço universal] desceu 3,4%, enquanto o seu peso no total do tráfego diminuiu 0,3 pontos percentuais em comparação com o primeiro semestre de 2021. [Ainda ssim] as receitas do SU aumentaram 1,8% e o seu peso no total aumentou 1,3 pontos percentuais", lê-se.
"Embora os efeitos da pandemia ainda se tenham feito sentir no último semestre, com a eliminação gradual das restrições à circulação ao longo de 2021, o tráfego postal parece ter iniciado um processo de recuperação do choque provocado pela pandemia", acredita a Anacom.
Os CTT continuam a ser a empresa que maior quota de mercado tem no setor. A empresa liderada por João Bento dispunha de uma quota de cerca de 85,8% do tráfego postal, mais 0,3 pontos percentuais face ao primeiro semestre de 2021.