Mercadona paga salário acima da média do setor

Supermercados espanhóis já empregam cerca de 1100 pessoas que auferem, pelo menos, 900 euros. Vantagens oferecidas atraem muitos portugueses.
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A Mercadona faz também sobressair a sua presença em Portugal com uma estratégia de benefícios concedidos aos seus trabalhadores - que são à volta de 1100, com tendência para aumentar. Do ponto de vista salarial, segundo contou Joana Santos, responsável pela contratação laboral do grupo no nosso país, os valores mínimos cifram-se “nos 903,38 euros brutos mensais, ao que acresce o subsídio de alimentação”. As horas extra são igualmente pagas, bem como os custos associados à formação dos recursos humanos (deslocação, alimentação e estadia).

Além disso, explicou a responsável da Mercadona, “anualmente são distribuídos 25% dos lucros da empresa entre os funcionários, o que, em 2018, significou um valor de 325 milhões de euros a partilhar entre todos os colaboradores do grupo: o equivalente a um ou dois salários, dependendo da antiguidade”.

Em paralelo com os vencimentos e os bónus associados, o grupo espanhol oferece várias regalias aos seus empregados, tais como a assistência médica prestada dentro da própria empresa ou o facto de serem concedidas duas folgas seguidas às pessoas. Outro exemplo é, como contou Joana Santos, a promoção interna dos recursos humanos: “Cerca de 20 colaboradores portugueses já foram promovidos a outras funções, o que representou uma evolução nas suas carreiras, fazendo-os alcançar um patamar superior a nível hierárquico e salarial”.

Visão sindical

A contrastar com este cenário está a realidade geral das empresas portuguesas, ligadas ao setor da distribuição. Contactada pelo JN, Célia Lopes, dirigente do CESP (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços), referiu o seguinte: “Em Portugal, um trabalhador no topo de carreira - que se situe fora dos distritos de Porto, Lisboa e Setúbal - aufere um salário de 600 euros, exatamente o valor do salário mínimo. Nos três distritos referidos, o salário previsto são 626,79 euros brutos”.

Em relação ao pagamento do tempo de trabalho adicional, a política é variável. Conforme esclareceu Célia Lopes, se há casos em que este é pago, também existem grandes cadeias que “optaram por quase impor aos seus trabalhadores bancos de horas, o que faz com que as horas extra não sejam remuneradas”. Situação idêntica ocorre com as folgas: “O Contrato Coletivo de Trabalho prevê dois dias de descanso semanais consecutivos. Porém, na maioria das vezes, isso não acontece e é um problema para a organização familiar das pessoas”.

No que respeita à progressão laboral, a dirigente sindical traça um quadro que reflete alguma demora em termos de evolução dos funcionários nesta área: “Os trabalhadores passam por dois anos de aprendizagem, em que são classificados como ajudantes. Depois estão três anos na categoria de operadores de segunda e mais três na primeira. Significa que apenas quando completam oito anos de atividade atingem o topo da carreira”.

Detalhes

626 euros: é quanto aufere um trabalhador nas cadeias de supermercado portuguesas do Porto, Lisboa e Setúbal.

903 euros: é o mínimo que a Mercadona paga aos seus trabalhadores. A isto acresce o subsídio de alimentação.

25% dos lucros do grupo espanhol são repartidos pelos funcionários, equivalendo a mais um ou dois salários.

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