Mercado do luxo continua no vermelho

Nos últimos cinco dias, alguns dos principais grupos não têm fechar acima da linha de água com os resultados a pesar no sentimento dos investidores
Mercado do luxo continua no vermelho
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LVMH, Burberry e Kering são alguns dos grupos que, no acumulado dos últimos cinco dias, têm acumulado perdas nos mercados acionistas, com a incerteza em redor do setor a penalizar. No final do mês passado, o grupo detido por Bernard Arnault, o gigante LVMH – responsável por marcas como a TAG Hauer, a Moët-Chandon ou a Dior – apresentou as contas relativas a 2024, e registou um crescimento de 1% face ao ano anterior: teve receitas de 84,68 mil milhões de euros, acima dos 84,38 mil milhões previstos pelos analistas. As ações da empresa subiram, logo após o anúncio dos resultados, mas ainda é cedo para perceber se vão conseguir inverter a tendência de queda que, no ano passado, levou a uma quebra dos preços dos títulos na ordem dos 13% no acumluado dos 12 meses.

Esta terça-feira, amanhã, é a vez da Kering – a dona de marcas como a Gucci – que, como a Dinheiro Vivo já escreveu, tem estado sob grande pressão depois de apresentar resultados desapontantes relativos ao terceiro trimestre do ano passado. Assim, não se espera que o grupo surpreenda com os números globais de 2024. No início deste mês, a Kering anunciou a saída do seu diretor criativo, no cargo há menos de dois anos. Em declarações ao Financial Times, esta segunda-feira, Thomas Chauvet, analista do Citigroup, avisou que a mudança na liderança criativa iria “atrasar ainda mais uma potencial reviravolta” da Gucci, com 2025 definido “para ser mais um ano de transição e um pouco de um salto para o desconhecido”.

A marca italiana, que integra o conglomerado da Kering, é responsável por grande parte da faturação do grupo, mas não tem conseguido captar a atenção dos novos consumidores, numa altura em que as compras no mercado do luxo sofrem com o fecho das carteiras asiáticas. Os consumidores chineses, grandes responsáveis pelas subidas estratosféricas dos preços dos produtos de luxo nos últimos anos, estão em modo-poupança, e os responsáveis das casas de luxo já tinham feito soar os alarmes – aliás, em declarações recentes aos jornalistas, Paul Donovan, economista-chefe do UBS Global Walth Management, referiu que já na última semana da moda, em Paris, no outono passado, se sentia no ar a preocupação.

O Barclays, por seu lado, espera que o crescimento orgânico da Gucci para o ano inteiro tenha caído 21%, segundo o FT. Já o Visible Alpha aponta para que os lucros operacionais tenham afundado 47%. Desde a saída de Alessandro Michele, em 2022, que a marca italiana acumula perdas consecutivas, com os consumidores a rejeitar o estilo minimalista de De Sarno.

As alterações não são, no entanto, exclusivas da marca italiana. Várias casas trocaram de direção criativa nos último meses, numa tentativa de perceber o que é que o mercado, afinal, quer. Apesar de, globalmente, as estimativas apontarem para uma manutenção do valor do mercado do luxo, em 2024, a verdade é que este número é conseguido pela subida expressiva de, por exemplo, gastos com experiências. Quanto aos produtos – significativos para marcas como as que referimos acima -, têm estado a atravessar um período menos glamoroso.

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