Metade dos portugueses aceita pagar até 1500 euros mensais por um lar

Distrito de Lisboa concentra mais de 50% dos pedidos recebidos para integrar residências seniores, seguindo-se Porto e Setúbal, com 15,5% e 10,5% dos pedidos, respetivamente.
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A procura por residências sénior tem vindo a aumentar, consequência também do inferno demográfico vivido em Portugal. O apoio aos idosos é cada vez mais uma preocupação, mas as famílias estão conscientes da escassez da oferta, o que as leva a estar mais disponíveis para suportar valores mais elevados. Na verdade, de acordo com dados da Via Senior, metade dos portugueses estão dispostos a pagar mensalidades até aos 1500 euros.

Mais de metade dos pedidos recebidos, de acordo com dados compilados durante um ano, 50,4% dos portugueses procura uma vaga numa Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), com valores que podem chegar aos 1500 euros.

Adicionalmente, e com base nos milhares de pedidos recebidos pela plataforma Via Senior, que agrega a oferta de mais de 2600 residências por todo o país, têm sido registadas centenas de solicitações de camas para idosos, por valores até 500 ou 750 euros. Ainda assim, 24,3% dos registos dão conta da disponibilidade das famílias para suportarem encargos mensais até aos mil euros.

Já acima dos 1500 euros, os pedidos para valores deste género são menos expressivos, embora ainda se contabilizem diversas famílias dispostas a pagar três mil ou mais euros.

As unidades que praticam preços mais elevados diferenciam-se, sobretudo, pela qualidade das infraestruturas, pela localização premium e pelo serviço quase hoteleiro oferecido. Têm também quase sempre apoio médico permanente e de diversas especialidades, viradas para a reabilitação.

De facto, os valores máximos que as famílias conseguem suportar para colocarem os idosos em ERPI estão "cada vez mais alinhados com a oferta existente no mercado", de acordo com o Retrato das Residências Sénior em Portugal", realizado recentemente pela Via Senior. Atualmente, as ofertas abaixo dos mil euros são raras, com a grande maioria das instituições a praticar preços médios mensais de 1500 euros em regime de quarto duplo.

O preço é, naturalmente, um dos fatores decisivos para as famílias, designadamente para os filhos - já que 60,7% dos pedidos são realizados pelos descendentes -, no momento em que recorrem às residências séniores e lares de idosos para assegurar uma melhor qualidade de vida aos mais velhos.

Esta preocupação com os valores é uma das razões pela qual muitas vezes o reconhecimento da necessidade de apoio constante aos idosos, acontece em idades cada vez mais avançadas.

Só 18,7% dos pedidos recebidos foram para pessoas com uma idade compreendida entre os 70 e os 79 anos, concentrando-se 57,3% dos pedidos no caso de idosos com idades entre os 80 anos e os 89 anos. É também elevado o número de solicitações para entrada em ERPI para homens e mulheres com mais de 90 anos, registando-se ainda casos em que as famílias procuram soluções para pessoas que já têm mais de 100 anos.

Geograficamente, a maior procura por residências sénior e lares de idosos concentra-se no distrito de Lisboa, tendo também em conta a maior densidade populacional da região. São 52,7% os pedidos recebidos com intenção de encontrar uma solução para um familiar idoso no distrito de Lisboa, seguindo-se o distrito do Porto, com 15,5% dos pedidos, e o de Setúbal com 10,5%.

Estes três distritos concentram 78% da procura registada por ERPI, sendo também nestes que se encontra 51% da oferta de mais de 100 mil camas existentes no mercado nacional, número que tem vindo a crescer, mas que, ainda assim, se tem revelado insuficiente perante a elevada percentagem de população idosa em Portugal.

De acordo com a Aging In Place, uma organização norte-americana de prestação de serviços, que baseou a sua análise nos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Portugal já ocupa a quinta posição dos países mais envelhecidos do mundo, no ranking de 30 países liderado pelo Japão.

São cerca de 2,42 milhões de residentes em território nacional (23,4% do total) com mais de 65 anos, sendo que praticamente metade destes (48%), têm 75 ou mais anos, estando já na chamada quarta idade.

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