Foi com foco no peso que os Estados Unidos têm no universo EDP que António Mexia reagiu às declarações feitas na semana passada pelo secretário de Estado norte-americano da Energia. Em visita a Portugal, o representante da Casa Branca apontou que o capital chinês da EDP "poderia ser um problema" para os EUA. Mexia desvalorizou a crítica garantindo que "estão criadas todas as condições para que o investimento da EDP nos EUA não seja afetado".
Na conferência de imprensa que se seguiu à apresentação dos resultados de 2019 da elétrica nacional, que apresentou lucros de 512 milhões de euros, Mexia salientou que a EDP "é um player importante nos EUA", e que isso é "reconhecido e apreciado". O responsável lembrou que a EDP já investiu mais de 10 mil milhões de euros na área das renováveis nos EUA, e que por "é fundamental manter o papel que os EUA" têm na empresa, uma "plataforma prioritária" na qual a EDP conta continuar a crescer.
Na ronda de perguntas e respostas dos jornalistas, Mexia comentou ainda o decorrer do processo da venda das seis barragens do Douro a um consórcio liderado pela Engie, destacando que os "dossiers relevantes" já foram entregues às autoridades regulatórias competentes, e que o processo vai decorrer ao longo de todo o ano 2020. "Nós e os compradores já apresentámos às equipas e aos municípios um projeto industrial claro, ambicioso e de largo prazo".
Questionado ainda sobre o possível fecho antecipado da central de Sines, o CEO não quis dar pistas sobre datas, afirmando apenas que o complexo industrial "está a operar, operou muito menos horas em 2019 do que em 2018 e é provavel que opere ainda menos este ano". Sines "vai operar até que as margens o justifiquem e até 2023 temos de garantir que tem margens positivas", afiançou.
O CEO da EDP comentou também o alargamento da tarifa social de eletricidade, apelando mais uma vez a uma "transição justa" que não seja apenas financiada por duas empresas. "Sempre fomos adeptos da tarifa social. Estamos absolutamente determinados nas questões de pobreza energética. A única coisa que queremos é que as regras do financiamento respeitem as regras europeias e não ponham as empresas portuguesas em desvantagem competitiva. Todos os agentes de mercado deviam estar envolvidos no seu financiamento e a EDP tudo tem feito para que a transição seja justa".
Sobre a barragem do Fridão, na qual a EDP mantém um diferendo com o Estado na Justiça, Mexia declarou apenas que "está tudo dito" e que está a ser feito "o que está previsto em caso de não acordo", pelo que se espera um "processo longo", cujo desfecho não tem fim à vista. "Os diferendos com o Estado não alteram o nosso compromisso com Portugal", rematou.