A Miniclip abriu as portas dos novos escritórios esta quarta-feira, pela primeira vez. A partir do Taguspark, onde se localiza o Simulador II (nome da nova sede), a Miniclip promete alavancar a operação portuguesa - que é a maior do grupo -, acelerar o negócio e "continuar a crescer" globalmente. A criadora de jogos digitais começou a desenvolver outras áreas de negócio - engenharia de dados e business analytics - e, para dar resposta a novas ambições, espera terminar 2022 com 350 talentos na operação portuguesa.
"Ainda estamos numa fase de transição, mas este é um escritório muito importante", começa por afirmar ao Dinheiro Vivo Marius Manolache, chief operating office (COO) da Miniclip. O gestor explica que a história da Miniclip com Portugal "tem sido um sucesso", tendo sido em território nacional que criou a primeira unidade de jogos mobile. A nova casa portuguesa - realça Manolache - revela "o compromisso de manter o investimento nesta geografia", tanto na criação de jogos digitais como no desenvolvimento de novas áreas que suportam a operação global.
Criada em 2001 no Reino Unido, a Miniclip chegou a Portugal em 2010. Atualmente, a criadora de jogos digitais é um grupo mundial, presente em outros sete países (como Holanda, Turquia, Itália ou Israel), a partir dos quais serve mais de 250 milhões de utilizadores ativos mensais. Emprega mais de 900 pessoas em treze escritórios, sendo que é em Portugal que tem "o maior estúdio de criação de jogos". "Talvez por ter sido a primeira localização para criar jogos seja uma das razões para Portugal ser a nossa maior operação", comenta o COO.
Ora, reiterando o historial positivo com Portugal, "registando-se crescimentos significativos a cada ano", o gestor da Miniclip nota que a empresa começou a notar problemas de espaço, há cerca de três anos, o que levantava barreiras ao crescimento orgânico da operação portuguesa.
Por isso, em 2019 decidiram investir num novo edifício no Taguspark. A obra foi iniciada em 2020, tendo sido concluída em meados de 2022. Custou mais de 11 milhões de euros, com o empreendimento a ser desenhado pela portuguesa Openbook, com a Alphalink a apoiar na gestão do projeto. A empreitada ficou a cargo da bracarense DST.
Segundo Marius Manolache, as novas instalações permitem renovar ambições "da rota de expansão global", a partir de Portugal. E que ambições são essas? Recrutar mais talentos e desenvolver novas áreas de negócio.
"Queremos continuar a crescer, contratando novos talentos para o desenvolvimento de jogos mobile - nos que já existem e nos que queremos criar", diz o COO da Miniclip.
O novo edifício tem vista privilegiada para o polo do Instituto Superior Técnico (IST), no Taguspark. O que não é coincidência. "Escolhemos o Taguspark pela proximidade com o IST", revela.
Sublinhando que "os engenheiros portugueses são muito bons" - embora o segmento dos jogos digitais no mundo da engenharia "não seja dos mais populares no país" -, o responsável da Miniclip revela: "Vamos chegar às 350 pessoas em Portugal no final do ano". Atualmente, a operação portuguesa conta com 321 profissionais, sendo que Manolache quer recrutar mais 29 pessoas.
Os recrutamentos serão feitos ao longo do ano, tanto para o desenvolvimento de jogos como para outras áreas de negócio. Chegando aos 350 trabalhadores, a Miniclip atinge a capacidade máxima de pessoas a trabalhar ao mesmo tempo no Simulador II.
A par do crescimento da dimensão da empresa, há também um caminho a fazer, a partir de Portugal, para explorar novas áreas de negócio, complementares à atividade core da Miniclip, os jogos digitais.
"Investimos em data, em data engineering e business analytics. Há várias funções novas aqui. Por isso, queremos recrutar para o estúdio de jogos, mas também nas áreas que suportam o grupo e fomentam o nosso crescimento. Esse é o grande plano para Portugal", salienta Manolache.
Simulador II, o edifício "irmão" da sede da PHC
A nova casa portuguesa da Miniclip é resultado de um projeto chave-na-mão do Taguspark. Ao DV, Rodrigo Sampayo, arquiteto e partner da Openbook, explicou que, como todo o projeto atravessou o contexto pandémico, o novo espaço foi pensado para responder aos desafios do modelo híbrido de trabalho.
Além disso, houve um "esforço" e um trabalho "muito criterioso" em pormenores de design interior (como cores, teto e isolamento sonoro das salas), que acompanham as "últimas tendências de workplace". No fundo, "procurou-se um equilíbrio entre um local de trabalho confortável, não demasiado sóbrio como um escritório de advogados, e um espaço sério de trabalho altamente focado, com lugares que fomentam a criatividade". Acresceu o objetivo de respeitar a linha arquitetónica e paisagística até aqui desenvolvida no Taguspark.
A nova sede da Miniclip ocupa uma área total de quatro mil metros quadrados. Localiza-se no lote 33, mesmo ao lado da sede da portuguesa PhC (também projetado pela Openbook). Aliás, a Miniclip partilhou o edifício da PHC com outras empresas na última década.
Sampayo explica que o Simulador II é mesmo "um edifício irmão" da sede da PHC. O "traço é o mesmo, mas há evidentes diferenças para que se distingam os dois edifícios".
Com certificação WELL e LEED, o novo edifício da Miniclip promete ser um "local de trabalho de excelência", de acordo com Rodrigo Sampayo. O edifício vai funcionar com eletricidade 100%, proveniente de fontes sustentáveis e vai dispor de pontos de água filtrada, disponíveis a cada 30 metros. As instalações incluem, ainda, um ginásio, um "estúdio de bem-estar", uma sala de massagens e há planos de criar uma horta urbana.
Taguspark, a "Cidade do Conhecimento"
A inauguração da nova sede da Miniclip, em Portugal, contou com todo o conselho de administração do Taguspark: desde o chairman António Saraiva (presidente da CIP) ao CEO da sociedade, Eduardo Baptista Correia, passando por Alexandre Fonseca (novo co-CEO da Altice Europe e chairman da Altice Portugal), que é administrador não-executivo do Taguspark.
A coincidência dos pesos-pesados do Taguspark estarem na abertura da nova sede da Miniclip explica-se com o agendamento de uma assembleia geral de acionistas da sociedade para pouco depois da cerimónia.
No local, António Saraiva salientou a importância da edificação da nova sede da Miniclip, como mais uma passo na afirmação "da Cidade do Conhecimento, enquanto ecossistema único de desenvolvimento da região de Oeiras". Para o líder da CIP, que é o chairman do Taguspark, o complexo empresarial abarca as "realidade empresariais que reagem aos desafios e criam novas dinâmicas empresariais".
Um interface também sublinhado por Eduardo Baptista Correia, CEO do Taguspark. Para o gestor, a abertura dos novos escritórios da Miniclip demonstra "o posicionamento de excelência do Taguspark", que tem desenvolvido "um caminho de retenção de empresas no município de Oeiras".
Por sua vez, o vice-presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Francisco Rocha Gonçalves, argumentou que toda a "Cidade do Conhecimento", iniciada na década de 1990, tem procurado "criar condições de geração de riqueza", pelo que a Miniclip é o mais recente sinal de "criatividade" nessa estratégia.