
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, questionado pela CNBC, diz que acredita que os investidores continuarão a ter confiança em Portugal, apesar de uma eventual instabilidade no mercado das obrigações soberanas decorrente das eleições em França, na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições europeias. "Estamos confiantes que as instituições europeias e o projeto europeu se manterão muito fortes, e acreditamos que os mercados continuarão a ter confiança no projeto europeu e, no nosso caso particular, Portugal está bem capacitado para ser protegido das adversidades dos mercados", disse o ministro das Finanças português à cadeia televisiva norte-americana.
Miranda Sarmento aponta para os números das contas públicas naconais. "Tivemos um excedente de 1,2% do PIB no ano passado no nosso orçamento, e prevemos que continuaremos a ter um excedente orçamental de 0,2-0,3%, permitindo que continuemos a reduzir a dívida pública para perto de 95% do PIB este ano, numa trajetória de redução até 80% do PIB em 2028", afirmou.
Em abril, no Programa de Estabilidade, o governo inscreveu um excedente orçamental de 0,3% para este ano, ainda antes da tomada de novas medidas. Entretanto, o Parlamento aprovou vários diplomas com impacto na despesa, como a redução do IRS. Apesar disso, o govermo mantém a previsão de um excedente, admitindo que possa ficar ligeiramente abaixo da previsão de abril, em 0,2%.
Questionado pela jornalista da CNBC sobre as críticas que ele fez às contas deixadas pelo anterior governo PS quando assumiu funções, Miranda Sarmento reforçou as garantias: "Os investidores internacionais devem confiar na situação orçamental de Portugal. Vamos terminar o ano com um pequeno excedente, 0,2-0,3% do PIB, prevemos para o próximo ano um excedente da mesma magnitude, o que nos vai permitir continuar a reduzir a dívida pública em cinco pontos percentuais por ano, e continuaremos extremamente robustos em termos de finanças públicas".
Miranda Sarmento também apontou para um crescimento económico em 2025 acima dos 1,9% inscritos no Programa de Estabilidade. "Projetamos pelos menos 2,3% no próximo ano, com as reformas estruturais que vamos implementar esperamos que o crescimento aumente, e acreditamos que o nosso PIB potencial possa crescer para 3% ao longo dos próximos anos, dando mais espaço orçamental a Portugal para reduzir a dívida pública", afirmou.
Sobre o grande peso do turismo na economia portuguesa e os perigos que pode representar, o titular da pasta das Finanças apontou para o esforço de diversificação da economia. "O turismo é um setor importante, tem sido sempre para Portugal, mas o valor do setor do turismo tem vindo a aumentar, estamos a criar cada vez mais valor na nossa oferta turística, mas outros setores estão a crescer, temos cada vez mais exportações de tecnologia e de outros serviços, também na indústria, por isso continuamos a diversificar a economia portuguesa, reduzindo o peso do turismo, e no turismo criando mais valor nos serviços oferecidos às pessoas", defendeu.