O francês Thomas Pesquet tornou-se nesta sexta-feira no primeiro astronauta europeu (e da ESA) a viajar a bordo da nave da SpaceX (o primeiro privado a levar astronautas para o espaço), Crew-2 - foi a terceira viagem tripulada da Crew Dragon, depois de uma experimental e outra oficial para levar astronautas para a Estação Espacial Internacional. A SpaceX fez ainda história ao reutilizar pela primeira vez um voo tripulado a cápsula e o foguetão.
As missões anteriores eram a bordo da nave russa Soyuz, que ao contrário da Dragon não é autónoma. Pesquet terá como diretor de voo da sua missão no Columbus, o laboratório da Estação Espacial Internacional, o português João Lousada.
Ao Dinheiro Vivo, Lousada, que é ele próprio candidado a astronauta da ESA (as candidaturas abriram 13 anos depois no final de março e decorrem até maio), explicou que está ansioso por receber o francês sob o seu comando. "O Thomas será comandante da estação espacial na parte final da sua missão, o que não é habitual para um europeu como comandante (acredito que ele será apenas o quarto Europeu e o primeiro francês) e demonstra a confiança que os parceiros da estação espacial têm na agência espacial europeia e nos seus astronautas", disse.
Esta semana a ESA, da qual Portugal faz parte desde 2000, está a celebrar os 20 anos da entrada da Europa na Estação Espacial Internacional (EEI), um projeto multinacional entre Rússia, EUA, Europa, Canadá e Japão lançado em 1998. Foi a 19 de abril de 2001 que o italiano Umberto Guidoni chegou à ISS, iniciando dezenas de missões repletas de experiências científicas expandidas com a chegada do laboratório espacial Columbus, em 2008 - um projeto europeu de 1,4 mil milhões de euros.
Relativamente aos 20 anos de presença europeia na EEI, o português João Lousada, diretor de voo da Columbus desde 2019 - o primeiro português com um cargo semelhante - explica que "é um marco histórico importante". "Já são 20 anos com astronautas a viver e trabalhar na órbita terrestre - uma presença humana permanente no espaço. Ao longo dos anos, a Estação Espacial tem tido um papel único e imprescindível na investigação científica de áreas como a biologia, ciência de materiais ou medicina".
Daí que admita que "fazer parte desta história é algo muito especial".
Entretanto, esta semana a Rússia manifestou desejo de deixar o projeto da EEI já a partir de 2025. A Estação foi projetada para estar em órbita até 2024, mas existem planos para prolongar o projeto até 2030, mas a Rússia não parece querer continuar numa altura em que Europa e EUA estão menos dependentes dos seus foguetões para o projeto espacial - graças à SpaceX.