Moody's. Confinamento da terceira vaga vai ter menor impacto no consumo

Confiança das famílias melhora com planos de vacinação e sentimento na indústria persiste em terreno positivo. Mas há setores que vão demorar três a quatro anos a recuperar.
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Os dados de janeiro das cinco maiores economias europeias apontam a um nível de destruição menor da atividade económica do que o registado na primavera passada, antecipa a agência Moody"s num relatório de acompanhamento divulgado nesta quinta-feira.

No documento, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, a agência de rating avalia indicadores para Alemanha, Itália, França, Espanha e Reino Unido.

São assinalados níveis de confiança melhorados nas famílias, ainda que fracos, restrições menos severas à atividade que na primeira vaga na maioria dos países, a persistência de sentimento positivo entre os gestores de compras da indústria, níveis de liquidez ainda confortáveis para as empresas e níveis de incumprimento moderados.

"Os consumidores e as empresas adaptaram-se aos constrangimentos, o que reduzirá o impacto das restrições ainda que estas se tornem tão rigorosas quanto as da primavera", refere a análise da agência.

"As preocupações com o contágio permanecem elevadas, mas a confiança dos consumidores melhorou com a implementação das vacinas", junta o relatório, com expetativa de uma quebra menos pronunciada na atividade dos retalhistas.

Ainda assim, o sentimento dos consumidores vai manter-se fraco, e as decisões das famílias de investimento em bens serão determinantes para a recuperação. A Moody"s admite um adiamento significativos de compras até à primavera, ou o recurso ao comércio online, cada vez mais determinante para os retalhistas.

As medidas de apoio ao emprego postas em prática pelos governos estão a ser retomadas e a mitigar os efeitos no mercado de trabalho, ao mesmo tempo que as famílias voltam a acumular poupanças. Porém, de forma desigual, alerta, com os trabalhadores com salários mais baixos a continuarem a ser os mais penalizados.

Para a agência, de esperar também a deterioração da atividade económica, mas "mais suave" do que nos meses iniciais da pandemia. Os índices dos gestores de compras europeus na indústria mantêm-se positivos, e nos serviços as quebras são menos pronunciadas. Mas, porque em momento de crise há menos empresas disponíveis para responder a inquéritos, a Moody"s lembra que os indicadores de sentimento são também menos fiáveis neste momento.

Por outro lado, é de esperar um efeito negativo para a produção industrial das quebras do retalho não suscetível às vendas online.

A recuperação não será só desigual para as famílias, mas também para as empresas segundo a sua atividade, retoma o relatório. Há sectores que vão precisar de entre três e quatro anos para voltar à tona, e entre os mais prejudicados a Moody"s isola turismo e transporte aéreo, assim como o setor automóvel.

No financiamento, os sinais da banca já apontam a maiores restrições à concessão de crédito, mas as empresas parecem confortáveis com os níveis de liquidez existentes, segundo o relatório. "Os níveis de depósitos atuais vão ajudar a amortecer o impacto da crise", prevê.

No recurso aos mercados, a Moody"s assinala ainda um nível moderado de incumprimentos nas classes de ativos que suportam as PME, ao mesmo tempo que o prolongar das moratórias bancárias continua a estancar atrasos.

Porém, há um alerta para Itália. "O nível de moratórias para as transações das PME italianas continua a aumentar para um nível muito elevado, sugerindo um nível de stress financeiro persistente entre os devedores".

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