Mosqueira do Amaral: "A gestão do banco parecia uma pirâmide"

"Confirmo que ainda detenho ações do BES. Comprei ações há três anos e no aumento de capital reforcei, não o aumento deste ano. Vendi parte das ações no início de janeiro mas ainda detenho títulos do banco. Não tive acesso a informação privilegiada, a única razão para a venda foi o preço, porque cheguei a perder dinheiro. Estive 3 anos a sofrer", começou por revelar o ex-administrador do BES.
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"Como pode Pedro Queiroz Pereira saber mais? Ele foi acionista desde o início e tinha outro acesso à família do que eu. É normal que ele saiba mais. Eu entrei tarde, só em 2011, e só comecei a ter mais informação depois de ele a revelar. É claro que ele poderia saber mais do que", disse Pedro Mosqueira de Amaral.

Sobre quando começou o pedido de mudança na governance e do grupo, o responsável salientou que "primeiro tínhamos funções como novos membros que era preparar para gerir o grupo no futuro. As pessoas mais velhas chamaram-nos para a mudança. Não foi um ataque, apenas quisemos mudar".

"O protocolo não previa o nome de quem iria substituir Ricardo Salgado. Muita gente gostaria mas não havia nomes", sublinhou.

Questionado sobre porque havia uma gestão diferente na Líbia e em Angola, Pedro Mosqueira do Amaral justificou que "o meu pai construiu a área internacional e a pergunta porque havia um segundo departamento é uma pergunta que fiz durante muitos anos. Mas isso foi mudado quando Amílcar Morais Pires assumiu o pelouro da área internacional e tentou mudar a governance em Angola e possíveis problemas na Líbia".

"Não sabia nada do banco na Líbia nem tenho informação que houve dinheiro para o ditador Kadafi, havia rumores. Houve conversas sobre a possibilidade de vender o banco na Líbia mas fui avisado que poderia haver problemas, não sei quais mas relacionados com a gestão", adicionou.

Sobre quando soube das contas falsificadas, o responsável revelou que "não sei quando mas soube quando o Dr. Ricardo Salgado nos apresentou esse facto, mas foi no conselho superior e terá sido no final de 2013".

"A gestão do banco parecia uma pirâmide com uma pessoa que estava lá em cima e passava apenas informação. Recebi informação vaga e nunca um retrato completo. Quem estava no topo da pirâmide? O presidente do conselho", salientou o ex-administrador do BES, voltando a mencionar a centralização do banco em Ricardo Salgado.

Pedro Mosqueira do Amaral, ex-administrador

não executivo do BES e ex-administrador da ESFG, não faz parte da família

Espírito Santo mas era na prática considerado como tal, sendo líder de um dos

cinco ramos da família, após a morte do seu pai, Mário Mosqueira do Amaral, em março

deste ano.

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