No ano em que faz 25 anos de atividade em Portugal, a MultiÓpticas
vai investir três milhões de euros e abrir pelo menos dez lojas.
Tudo para reforçar a quota de cerca de um quarto do mercado de
produtos e serviço óticos, apesar da conjuntura de crise e quebra
de consumo. "Este ano já abrimos três, em maio vamos abrir mais
três - duas lojas próprias, na Covilhã e Penafiel, e uma de
franquia, no Fundão -, pelo que iremos ultrapassar as dez", revela
Rui Borges, CEO da MultiÓpticas, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
Marca de confiança do consumidor em 2013, o CEO diz que o título
tem sido motivo de atração de franquiados. A MultiÓpticas tem 149
lojas no país (85 próprias e 64 de franquia) e o objetivo é chegar
a 190 e criar 100 novos postos de trabalho até 2015. "Obviamente
que as restrições de crédito são inibidoras, mas ainda há quem
queira apostar."
Desde 2001 (quando a Pearle Europe comprou a MultiÓpticas, que se
fundiu com o grupo francês e atual acionista GrandVision, em 2010),
a empresa investiu em Portugal 110 milhões de euros. "Todos os
anos temos somado investimento e criámos muitos postos de trabalho
líquidos", diz, destacando a gestão 100% portuguesa. A
organização, em que se inclui a GrandOptical (marca premium), tem
700 trabalhadores, chegando a mais de mil com a rede de franquia -
com um volume de negócios de 75 a 76 milhões de euros por ano.
Mas 2012 foi particularmente difícil, sobretudo os primeiros
cinco meses. "Houve grande retração", lembra Rui Borges,
frisando que "os consumidores portugueses sentiram um murro no
estômago praticamente em todos os sectores." Houve, depois, uma
recuperação a partir de junho, "conseguimos fechar o ano ainda
assim bem, apesar de alguma quebra em 2011", conta o CEO da
MultiÓpticas, que descreve o início de 2013 com algum crescimento,
mas más notícias, que trouxeram uma queda abrupta nas vendas.
"Março é paradigmático: estávamos 10% acima face ao ano
passado, depois vieram as notícias sobre a avaliação da troika e o
Chipre, e o gráfico de vendas caiu." Mas o CEO acredita que
chegará ao fim do ano com alguma recuperação.
"Sou otimista, com os pés assentes na terra", diz o CEO,
destacando como a marca se rejuvenesceu nos últimos 20 anos - também
por causa da entrada de nova concorrência, nomeadamente dos
hipermercados. "Quando chegámos, 30% da população usava óculos
ou lentes de contacto, produtos como fator de saúde - excluindo os
óculos de sol. Hoje são 42%." E aponta para um consumidor que,
apesar de procurar preço, está mais informado, é exigente, mas
olha o produto também do ponto de vista da moda.