Até há pouco tempo era "apenas" a responsável financeira da Multipessoal, mas agora acumula o cargo com as funções de chief diversity officer (CDO), ou seja, dirige a área de recrutamento e retenção de talentos e zela pela diversidade e inclusão laboral..Além de controlar o dinheiro da organização dedicada aos recursos humanos, Margarida Brás tem a missão de garantir que todos os processos da Multipessoal estão alinhados com uma cultura inclusiva, tanto para candidatos, comopara colaboradores e clientes. "Este cargo presume que eu seja o elemento líder de uma cultura cada vez mais inclusiva", diz ao Dinheiro Vivo..Ou seja, garante que todos os processos de trabalho estão alinhados com essa mesma cultura. "Além disso, tenho a responsabilidade de desenvolver com as nossas pessoas, sendo hoje cerca de 200, todas as iniciativas que sejam alavancadas desta missão". Margarida Brás sabe que esta é uma área onde ainda existem muitos obstáculos..E o primeiro grande desafio é credibilizar o conceito de inclusão, que muitas vezes é reduzido à aplicação de quotas nas organizações. "Acredito que esse preconceito prejudica a credibilidade do conceito em si", afirma. "No que diz respeito ao enquadramento externo, o maior dos desafios parece ser a aparente desinformação e falta de orientação que existe", lamenta, dizendo que, embora existam várias iniciativas nesta área, "falta uma conexão e colaboração, adequadas entre elas..Isto dificulta o progresso e a efetividade das ações inclusivas no cenário geral". Remetendo para a empresa onde trabalha, a gestora afirma que a Multipessoal tem de garantir que cada um dos 10 mil colaboradores diariamente colocados em clientes externos são o centro das atenções. "Somos o seu suporte, estamos prontos para os auxiliar e promovemos a inovação em tudo o que fazemos", garante..No que ao panorama nacional diz respeito, Margarida Brás acredita que existe algum progresso relativamente à inclusão, muito por causa das gerações mais novas que "trazem uma maior consciência das questões sociais para dentro das organizações"..Do lado das empresas também começa a existir uma maior abertura para a necessidade de se transformarem e para se manterem competitivas na atração de talento. "A inclusividade tornou-se uma parte fundamental dessa transformação", diz, reconhecendo também que, "embora esses princípios sejam promissores, não têm sido suficientemente implementados e que o tempo se mostra inimigo da urgência que existe"..Como chief diversity officer, Margarida Brás acredita que as organizações devem preparar-se para perceber o tema da inclusão como "normal". E isso passa, não só, por ajudar as equipas a "aculturarem-se", mas também "pela criação de condições para que existam postos de trabalho adequados, não devendo o foco ser a procura ativa de recursos". Para a responsável, a evolução do "emprego inclusivo só será significativa se as empresas criarem quotas para os postos de trabalho adaptados, ao invés da criarem quotas para a alocação de pessoas"..Para alcançar essas metas é forçoso que as próprias empresas façam da inclusão uma prioridade, criando grupos de trabalho com objetivos e missão específicos e envolvendo as lideranças, sustenta..Quando estas pessoas já estiverem nas empresas, é ainda necessário que sejam acompanhadas, garantindo que a inclusão é́o normal e não a exceção. "Depende de nós garantir que esta evolução é́ um trabalho contínuo e evolutivo das nossas pessoas"..Pelo seu lado, a Multipessoal apresenta diversas soluções para auxiliar as empresas a tomarem decisões de contratação mais inclusivas, explica Margarida Brás. Assim, a companhia "adota metodologias de recrutamento e seleção que garantem a imparcialidade, avaliando todas as candidaturas com base no mérito e competências das pessoas, sem qualquer forma de discriminação"..Nesta senda, a Multipessoal procura atrair talentos de diferentes origens, culturas, etnias e géneros. Diz a CDO que o que a empresa faz, na prática, é ajudar a promover o espírito de inclusividade nas organizações parceiras e na comunidade. "Acreditamos que, ao promover a equidade nos processos de recrutamento, seleção e contratação, bem como em todas as condições relacionadas com o emprego, estamos a contribuir para uma sociedade mais justa e diversificada".