Mum’s Cooking. Congelados saudáveis à distância de um clique

A comida pré-feita que nos vai parar ao congelador nem sempre tem de ter rótulos assustadores.
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Em 2014, Catarina Partidário recebeu uma notícia que não estava à espera: tinha esclerose múltipla. “Uma das formas de controlar a doença passava pela alimentação”, conta a fazedora. Ela, que nunca se tinha preocupado muito com o que comia e nem sequer gostava de cozinhar, teve que mudar o seu estilo de vida. Passados uns anos, houve outra mudança radical. “Tive um filho e deixei de ter tanto tempo para preparar comida. Quis começar a apostar em congelados - por exemplo o bebé, quando começou a comer o mesmo que nós, era fã de almôndegas, - mas eu assustava-me sempre que olhava para os rótulos”.

O momento eureka chegou no início de 2018. O corpo tinha-lhe pregado outra partida. Tinha cancro na mama e tinha acabado de sair da primeira sessão de quimioterapia. “A minha mãe, amorosa, preparou-me um lombinho de porco no forno e eu passei a tarde toda a vomitar. Depois disso, deu-me um apetite voraz por comida saudável: frutas, legumes, frescos. Enfiei-me na cozinha um fim de semana inteiro a cozinhar.” Nessa altura percebeu que teria de congelar os alimentos. E que se os congelasse, poderia também vendê-los a outras pessoas. Nasceu, assim, a Mum’s Cooking. “O momento foi tão revelador que até mandei um grito, a chamar pelo meu marido, para lhe contar a ideia.”

Depois, devagarinho, foi começando a desenvolver o projeto. Sem pressas. “Tinha o filho pequenino, o cancro, o meu marido estava a trabalhar no estrangeiro e ainda estávamos a pensar mudar de casa. Era muita coisa para pensar e pouco tempo disponível.” A ideia de negócio não estava no topo das prioridades, mas nem por isso ficou alguma vez esquecida. Criou-se a marca, o site, as redes sociais. Porque a empresa de Catarina Partidário é de comida congelada saudável. Mas é também um projeto digital. Está tudo online. “As pessoas encomendam e, ou vêm buscar ao pickup point, sem custos, ou fazemos entregas na zona de Lisboa.”

Pastéis de atum e batata-doce, lasanha de brócolos e tofu ou bolinhas de grão e abóbora são algumas das opções à venda. Há embalagens unidose e também familiares. Os preços começam nos 5,5 euros e vão até aos 14. “A minha ideia inicial era fazer isto para famílias com filhos. Pensei que seriam as mais atarefadas e sem tempo para cozinhar. Mas depois realizei um pequeno estudo de mercado e percebi que seria útil também a solteiros, a viúvos, a gente que trabalha e chega tarde a casa, não quer perder tempo na cozinha, mas nem por isso quer passar os dias a comer porcarias”, indica a fazedora.

A Mum’s Cooking foi lançada oficialmente no final de fevereiro de 2019 e tem contado com cerca de cinco a oito encomendas por mês, algumas acima de 100€. A novidade mais recente foi a introdução de vouchers. “Foi a sugestão de uma amiga, que queria oferecer ao pai. Tento ter uma relação próxima com todos os clientes. Quero saber se gostaram, se correu bem e o que acham que pode ser feito para melhorar. Tenho aprimorado o produto dessa forma.”

Para o futuro, Catarina tem vários caminhos pela frente, um deles, o seu favorito, é o do franchising. “Acho que seria um ótimo negócio para mães que querem ficar em casa com os filhos, por exemplo. Cozinhariam as minhas receitas e venderiam para a sua zona através do site da Mum’s Cooking, pagando para isso uma pequena taxa. Seria uma forma de espalhar o projeto para várias zonas geográficas, tendo ao mesmo tempo uma certa missão social.” É uma ideia para desenvolver a seu tempo. Porque o tempo é a medida mais valiosa para a fazedora. “Quando apanhamos tantos sustos de saúde como eu, percebemos que não queremos passar a vida a matar-nos a trabalhar.”

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