O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou "um aditamento importante" sobre a China no novo conceito estratégico da NATO e considerou que a Aliança quer "uma posição forte para chegar à paz" com a Rússia.
Em declarações aos jornalistas, à entrada para um Fórum Económico Portugal-Quénia, no antigo picadeiro real junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "o novo conceito estratégico da Aliança Atlântica, isto é, a sua posição em relação aos próximos anos pela primeira vez fala na China".
"É estranho, mas é verdade", observou o chefe de Estado.
"Agora é uma realidade, a NATO assume que a China é protagonista mundial e, portanto, tem de se definir em relação à China e, nesse sentido, há uma mudança ou, se quiser, há um aditamento importante na Cimeira da NATO e na posição estratégica da NATO", acrescentou.
O novo conceito estratégico da NATO, negociado na cimeira que está a decorrer em Madrid, ainda não foi oficialmente divulgado.
Quanto à Rússia, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a Aliança Atlântica quer ter "uma posição forte para poder chegar à paz", que é também a posição "que está a ser seguida pela Federação Russa, e à qual responde a NATO".
Segundo o Presidente da República, "a Federação Russa subiu a parada" e em resposta "a NATO mostra que, sendo necessário, sobe a parada".
O chefe de Estado distinguiu "dois caminhos diferentes para chegar à paz", um "defendido, por exemplo, por países africanos, por alguns países latino-americanos", segundo o qual "aqueles que estão em guerra têm de moderar as suas posições e isso abre caminho para a paz".
"E o caminho mais duro, que normalmente é o que é seguido nestas circunstâncias é: ninguém quer chegar à paz numa posição de fraqueza, porque se chega à mesa das negociações numa posição de fraqueza isso é meia derrota para não dizer uma derrota totalmente assumida", completou.
Marcelo Rebelo de Sousa responsabilizou a Federação Russa por ter assumido uma posição de "ou tudo ou nada" só aceitando partir para negociações com "uma vitória militar clara" e "uma derrota militar clara da Ucrânia".
"E a isso a NATO responde: pois nós estamos disponíveis para mostrar a nossa força e nós não aceitamos que haja negociações em situação de fraqueza por parte da Ucrânia e daqueles que apoiam a Ucrânia -- leia-se, a NATO, a União Europeia, os Estados Unidos da América e outros aliados", referiu.
O chefe de Estado argumentou que uma coisa é "o plano da Defesa", em que a NATO "em relação à Rússia, obviamente, e em relação à China é mais dura, frontalmente mais dura", e outra a diplomacia em matérias como o ambiente.
"Há negociações sobre os oceanos, sobre o clima, sobre questões que são fundamentais, porventura migrações, refugiados e outras questões económicas em que a diplomacia não para", sustentou.