Navy SEALs: o que podem ensinar-lhe sobre confiança e performance para gestão da sua equipa

Navy SEALs: o que podem ensinar-lhe sobre confiança e performance para gestão da sua equipa
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Como Stephen Covey destaca no seu livro, "The Speed of Trust", a confiança serve como um catalisador que acelera o desempenho geral de uma empresa. Ambientes onde abunda confiança favorecem colaboração, inovação e eficiência, enquanto a falta da mesma gera toxicidade e perdas de produtividade.
Pensemos nos Navy SEALs, uma das unidades militares mais treinadas do mundo. Em missões onde hesitar pode ser fatal, a confiança entre membros é crucial, e se um SEAL tiver a menor dúvida sobre a capacidade de um colega para cumprir uma missão, a operação inteira fica em risco. Esta confiança é construída ao longo de inúmeras horas de treino intenso, onde os elementos são submetidos a situações extremas nas quais é necessário confiar no outro para chegar a bom porto, assegurando que quando vão para o terreno a confiança é inabalável. Quando existe quebra de confiança a unidade atua de imediato para resolver tais questões sem permitir que se chegue a viver um clima de “paz-podre”. O problema é sempre confrontado de maneira assertiva e são propostas soluções seja através de formação adicional, aconselhamento ou, em casos extremos, remoção da equipa. No mundo dos SEALs, a confiança é uma necessidade absoluta, e isso é um dos segredos para os Navy SEALs serem uma das organizações mais bem geridas do planeta.
Porém nas empresas, a abordagem à confiança nem sempre é pragmática, em parte porque não é treinada. Enquanto investimos em formações para outras competências, a confiança é frequentemente negligenciada. Na maioria das organizações que conheço nem se chega a perceber qual o problema de base, e inventam-se soluções complexas para problemas que não o são. Isso é denunciado pela forma como a maioria das pessoas em Portugal lida com os problemas: não falam sobre eles! Gera-se um clima de “paz-podre”, o ambiente fica tóxico, não existe confiança e as consequências da ausência de confronto são, inevitavelmente, conflitos, turn-over elevado e produtividade em baixa.
Para o verdadeiro líder o conflito não é apenas um obstáculo, mas sim uma ferramenta de crescimento. Quando aparece, pode ser visto como uma oportunidade para melhorar a confiança e aumentar a performance da equipa. Esta perspectiva insinua que, ao introduzir confrontos controlados e direcionados, podemos acelerar a evolução para estágios de maior produtividade. Porém, é vital saber quando e como incitar esses confrontos e, posteriormente, geri-los para impulsionar o desenvolvimento da equipa.
Existem por vezes momentos em que os danos à confiança são de tal maneira profundos que transcendem as capacidades regenerativas da equipa. Apesar dos esforços, pode atingir-se um ponto de não retorno. Em tais momentos, exige-se um líder corajoso, mas justo, para fazer escolhas difíceis e dolorosas, em prol da salvaguarda da integridade coletiva e da sustentabilidade da empresa. Estas decisões podem implicar uma recalibração dos papéis e responsabilidades, levando muitas vezes a despromoções ou mudanças de equipa ou, em circunstâncias extremas, a difícil decisão de afastar um membro da organização.
Em resumo, a confiança é uma necessidade crítica no mundo dos negócios atual. Apesar de as consequências para uma empresa não serem tão dramáticas quanto numa operação militar, seria interessante que mais empresas abordassem o tema da mesma forma que o fazem os Navy SEALs. Neste contexto volátil que é a dinâmica de uma equipa, os líderes não são apenas decisores, são também arquitetos da cultura e facilitadores da colaboração. Eles têm a responsabilidade e a oportunidade de moldar uma atmosfera em que a confiança é mais do que um termo bonito, é uma prática diária.
Duarte Fernandes, cofundador e CEO da KWAN (consultora especializada em outsourcing e nearshoring de perfis tecnológicos, empenhada em contribuir para um Futuro Brilhante através da tecnologia)
(Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico)

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