Nem só de spread vive um crédito

Por norma, o spread é o indicador mais utilizado para avaliar os benefícios de um crédito, no entanto, há muitos outros que deve ter em consideração.
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Quando ouvimos falar em créditos a palavra spread surge automaticamente. Ainda assim, existem outras taxas e fatores que são igualmente importantes considerar na hora de pedir um. O Dinheiro Vivo, em parceria com o Doutor Finanças, explica-lhe que outras taxas deve ter em atenção e quais os valores que pode negociar.

Spread e taxa Euribor - TAN

De facto, o spread é referente ao juro que o banco vai ganhar ao conceder o crédito à habitação e, pela lógica, quanto mais baixa for a taxa, menos serão os juros que pagará à entidade bancária. Aqui, surge ainda a indissociável taxa Euribor que, juntamente com a anterior, resultam no TAN - Taxa Anual Nominal. Esta, idêntica à anterior, diferencia-se essencialmente por ser variável e, por tal, oscilar consoante o mercado.

Ainda que com a opção de escolher uma taxa fixa, os empréstimos que optem pela taxa variável podem assumir diferentes prazos, ou seja, se o cliente optar pela Euribor a três meses, a mensalidade a pagar será revista a cada três meses, tendo em conta a oscilação da taxa. Desta forma, se a Euribor subir, a mensalidade do empréstimo sobe também.

Regra geral, a taxa mais utilizada nos créditos à habitação em Portugal é a Euribor a seis meses, porém, e de acordo com o Doutor Finanças, nos créditos mais recentes, a tendência é para os 12 meses. Neste ponto, torna-se ainda pertinente referir que, em alturas de recessão económica o mais vantajoso pode mesmo ser optar por períodos de tempo curtos em que as taxas se encontram com valores negativos.

Depois de analisadas as taxas que saltam à vista mais rapidamente, é ainda essencial perceber a que outras variantes pode estar sujeito e fazer uma análise detalhada de encargos adicionais como seguros de saúde ou cartões de crédito que são, por norma, de caráter obrigatório.

Quando se fala de um crédito com um valor muito considerável, toda a informação é pouca e, antes de mais, é imperativo saber qual é o custo efetivo que esse mesmo crédito terá. Quais são os custos que o banco cobra? Quais são os valores dos seguros associados ao crédito? Que tipos de produtos temos de subscrever para conseguirmos um crédito? Todas estas questões devem ser devidamente consideradas.

Desta forma, importa fazer uma avaliação da TAEG e do MTIC. Embora facilmente confundíveis, estas são duas medidas diferentes que lhe vão mostrar muito realisticamente o custo do crédito e quanto vai pagar pelo mesmo no final. Assim, são estes os indicadores que deve utilizar para comparar, quando as há, diferentes propostas.

TAEG

A TAEG - Taxa Anual de Encargos Efetiva Global - é o que vai medir o custo do empréstimo para o cliente, por ano, em percentagem do montante emprestado. É através desta que terá uma noção real do encargo financeiro que o empréstimo vai representar para uma família ou para um individual, incluindo já os seguros exigidos para a obtenção do crédito e que cobrados pelo banco, as comissões ou outras despesas associadas.

Assim, quando estão em cima da mesa diferentes propostas de créditos, este é o melhor indicador a ter em consideração.

MTIC

Além da referida anteriormente, o MTIC - Montante Total Imputado ao Consumidor - é outra das medidas do custo de crédito que deve ser utilizada para comparar propostas. Esta, que corresponde ao montante total que o cliente terá de pagar à instituição durante todo o período do empréstimo, resulta da soma da totalidade do empréstimo já com os custos do crédito (juros, comissões, impostos e outros encargos). Ou seja, e de acordo com o Doutor Finanças, se uma família pede 150 mil euros para comprar uma casa, o MTIC vai revelar qual o montante que no final do contrato esta família gastou efetivamente.

Quando pede um crédito à habitação o que é que pode negociar?

Na verdade, não há uma resposta única para esta pergunta uma vez que, no limite, tudo é negociável e os níveis variam igualmente de entidade para entidade. Ainda assim, há fatores que se podem revelar mais ou menos favoráveis. Entre estes está presente o risco que o cliente representa para o banco e, naturalmente, quanto mais baixo for esse risco, maior será a sua capacidade de negociação.

Outro ponto que ainda lhe poderá ser abonatório é o valor do crédito. Se o empréstimo que está a pedir representar, por exemplo, apenas uma parte do valor do imóvel que quer comprar, também aqui a probabilidade da entidade aceder a alguma negociação aumenta pelo risco ser mais reduzido.

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