Neoturf valoriza cooperativas no Porto com soluções verdes

Empresa de Matosinhos desenvolve coberturas verdes e jardins verticais, num combate às alterações climáticas. Utiliza plásticos retirados do oceano para fazer as estruturas.
Paulo Palha, CEO da Neoturf.
André Rolo
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A Neoturf, empresa especializada em arquitetura paisagista, construção de jardins e manutenção, será responsável pela criação de espaços verdes nas cooperativas de habitação promovidas pela Mome. Com dois projetos residenciais em desenvolvimento, em Gaia e no Porto, a Mome pretende incorporar soluções verdes que preservem o solo, garantam eficiência na gestão da água, ajudem a melhorar a qualidade do ar e a eficiência energética e, ainda, apoiem a mitigação do efeito de ilha de calor, diz o diretor, João Braz Pereira.

É uma aposta que vai em linha com as orientações europeias de restauro da natureza, que incluem os territórios urbanos. Paulo Palha, CEO da Neoturf e presidente da Federação Europeia de Associações de Coberturas Verdes, lembra que as cidades “estão mais densas, mais impermeáveis, mais expostas às alterações climáticas, que trazem enormes quantidades de água em curtos espaços de tempo”. E este contexto exige “uma estratégia para combater este novo paradigma em que vivemos”.

A Neoturf tem incidido o seu trabalho na criação de espaços verdes através de soluções baseadas na natureza (NbS - Nature-based Solutions), garantindo uma maior eficiência energética dos edifícios, gestão sustentável da água e biodiversidade urbana. O objetivo último é assegurar uma maior resiliência face às alterações climáticas. Como frisa Paulo Palha, “a nossa visão e intervenção vai muito para além do que é um jardim”.

No seu portfólio, a empresa da Senhora da Hora tem vários projetos de coberturas verdes e jardins verticais em edifícios citadinos, como são exemplo o Porto Office Park, o Fórum da Maia ou o Taguspark, em Oeiras. Estes espaços verdes concebidos em terraços e paredes vêm desmistificar a ideia de que a vegetação é uma potencial fonte de humidade.

Como explica Paulo Palha, “as trepadeiras funcionam como adorno e como técnica de agricultura bioclimática. No verão, impedem a incidência dos raios solares nas paredes e, no inverno, ao perderem as folhas, aquecem as fachadas”. E realça: “Estamos a recuperar técnicas que usávamos e de que agora precisamos.”

Em simultâneo, a Neoturf tem desenvolvido soluções para dar uma nova vida aos resíduos. A empresa utiliza plásticos retirados do oceano para fazer as estruturas dos jardins verticais e reduzir a necessidade de água na rega. Também desenvolveu um projeto com a Amorim Revestimentos para a reutilização de revestimentos de cortiça. Neste caso, o objetivo foi substituir as peças de plástico usadas no isolamento térmico e na drenagem de águas por materiais à base de resíduos de rolhas de cortiça. “Temos a mesma performance, respondemos à questão dos resíduos dando-lhes uma nova vida, e eliminamos plásticos.”

A Neoturf está a terminar um investimento de 1,2 milhões de euros na construção de novas instalações em Custió, Leça do Balio, que serão um mostruário do que a empresa faz. Segundo Paulo Palha, haverá um edifício com cobertura verde e jardim vertical, com um sistema para aproveitamento total da água da chuva, e dois hectares de terreno dedicados aos trabalhos internos de investigação e de produção de espécies que não se encontram no país. Nos seus projetos, a Neoturf está muito focada nas plantas autóctones, mas abre exceções quando não são invasoras. Como frisa o responsável, “a resiliência ambiental pressupõe biodiversidade”.

Com 25 anos de experiência, a Neoturf afirma ser muito mais do que uma empresa de arquitetura paisagista. “A nossa visão e intervenção vai muito para além do que é um jardim, somos uma mais-valia num projeto”, diz. E estas intervenções assumem cada vez mais relevo na economia. As empresas que não se adaptem aos critérios ambientais e de sustentabilidade “vão ser penalizadas no acesso ao capital. Os bancos não vão querer colocar dinheiro nessas empresas”, frisa.

A Mome é um dos mais recentes clientes da Neoturf, que soma projetos para empresas e clientes particulares em Portugal e no estrangeiro. Emprega 35 pessoas e fatura cerca de 1,5 milhões de euros.

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