
O primeiro passo rumo à internacionalização aconteceu em novembro com a entrada em Espanha, onde a Nextbitt quer conquistar uma centena de clientes até 2025. Aos sete anos de vida, a empresa portuguesa de software focada na gestão sustentável de ativos físicos tem as ambições bem definidas: ser uma referência internacional neste mercado. À margem da conferência do Building the Future, que se realizou em Lisboa nos dias 21 e 22, o Dinheiro Vivo falou com Miguel Salgueiro, chief business officer, sobre os desafios recentes e as oportunidades futuras.
Os últimos anos foram marcados por uma pandemia, guerras e inflação. Como é que a Nextbitt se adaptou?
Têm sido anos extraordinários ao nível da inovação, do crescimento e de transformação. Focámos a empresa nas evidências da pegada carbónica. Para nós, não há sustentabilidade sem gestão de ativos físicos. Isso permitiu-nos que outras empresas olhassem para nós, como é o caso da Exploring Investment que há um ano investiu cinco milhões de euros para acelerar o nosso crescimento internacional. Isto acontece muito a reboque da regulação europeia que obriga as empresas a fazer evidências da sustentabilidade.
Estão a conseguir afirmar-se nesta área?
Sentimos estar na linha da frente nessa temática porque trabalhamos muito o mercado empresarial na ótica da gestão de ativos físicos. Na componente ambiental, nativamente já monitorizámos os consumos e hoje a soma desses consumos de energia, de água, de gases e todas as outras coisas permite-nos, de forma rápida, fazer o cálculo da pegada carbónica. Inclusive, somos parceiros tecnológicos do Building the Future e estamos a monitorizar a pegada do evento em tempo real desde o primeiro dia. Têm sido anos em que apostámos muito na internacionalização. Temos, aliás, um plano estratégico muito ambicioso para os próximos dois, três anos fora de Portugal, muito focado e centralizado na comunidade europeia. Ao mesmo tempo, mais do que duplicámos os recursos humanos. A empresa ganhou muita visibilidade e acelerou muito seu crescimento.
Quanto é que cresceram em 2023?
Temos crescido em número de clientes, em recorrência dos clientes, em equipa e em inovação. Em recorrência anual, a empresa cresce sempre 50% ao ano. Em faturação, no último ano crescemos cerca de 25%, mas foi um período desafiante porque mais do que duplicámos os recursos humanos e abrimos outras geografias. Acreditamos que em 2024 vamos compensar e temos uma estimativa de crescimento superior a 40%. As contas ainda não estão fechadas, mas faturámos em 2023 um valor superior a três milhões de euros. Esperamos alcançar cinco milhões este ano.
Chegaram a Espanha em novembro com o objetivo de alcançar 100 clientes até 2025. Quais são os vossos planos para a internacionalização?
Queremos, nos próximos dois ou três anos, ter uma posição muito forte na comunidade europeia, porque foi a primeira região do mundo a tornar obrigatória a existência de evidências de carbono. A nossa tecnologia tem uma base que nos permite ter grande à vontade na digitalização de projetos de evidências de carbono. Esperamos abrir mais do que seis ou sete geografias na Europa. Não deixamos de ambicionar crescer, crescer, crescer. E o nosso foco é sermos uma referência internacional nos próximos anos.
Como é que tem sido a resposta do mercado? O Miguel já encontrou muitas oportunidades de negócio neste evento?
Temos muito orgulho de trabalhar com as maiores empresas portuguesas, desde o BPI na banca, à EDP e à Galp na indústria, ao Grupo CUF na saúde, à Vodafone nas telecomunicações e contamos sempre com a Microsoft como parceiro tecnológico. Temos feito também alguns projetos fora da Europa, estamos a ser muito consultados. Aqui no Building the Future fiquei impressionado, porque no primeiro dia tivemos 1200 interações. Acho que o facto de estarmos na linha da frente na área carbónica está a dar-nos muita visibilidade nacional e internacional, o que é bom. Vamos continuar esse caminho, está a ser bastante desafiante.