Para quem anda distraído, aqui vai um aviso prévio: a Nintendo precisa de ser salva. Entre as três grandes produtoras de consolas, é a única que só faz isto na vida. Jogos e consolas.
A Sony pode dar-se ao luxo de perder rios de dinheiro com a PlayStation (embora não convenha) e a Microsoft pode errar várias vezes com a Xbox, (coisa que até nem tem feito). Ambas têm um império assente noutros produtos, e o entretenimento é apenas parte dele. A Nintendo não.
Por isso, quando se sabe que a fabricante japonesa teve o primeiro prejuízo anual da história no ano passado e os trimestres seguintes continuaram no vermelho, percebe-se que a Wii U tem de ser um sucesso. Pode não ser estrondoso, mas tem de valer a pena - para a Nintendo e para os fãs que forem a correr comprar a nova consola.
A Wii U foi apresentada pela primeira vez no Verão de 2011 e o seu lançamento foi sendo adiado, deixando os investidores nervosos e os consumidores intrigados. Para quê mostrar algo que demorou ano e meio a chegar? A Nintendo foi-se defendendo: queria que tudo estivesse perfeito quando a consola chegasse às mãos dos consumidores. A verdade é que conseguiu.
O problema é que o mundo a que chega a Wii U, a primeira consola da nova geração a ser lançada, é muito diferente do mundo em que viveu a Wii. Há menos dinheiro, para começar. Toda a gente tem um smartphone, um tablet ou algo com que possa "brincar". Se não tem, passa a vida no Facebook a jogar uma -Ville qualquer. Arranjar jogos gratuitos passou a ser fácil., e não é certo que quem comprou a Wii ao longo destes seis anos esteja com vontade de passar à geração seguinte, até porque esta versão é mais cara (custa cerca de 299 euros no pacote básico).
Então, o que se pode esperar da Wii U? As vendas das primeiras semanas foram promissoras, apesar de inferiores ao lançamento da Wii em 2006. Alguns analistas esperam que o Natal seja muito bom e que as vendas disparem, para irem caindo nos trimestres a seguir. A Wii U não terá tanto sucesso como a Wii, mas isso é algo que se deve à extraordinária disrupção que aquela consola branca causou. Ou seja: que consola poderá ser mais bem sucedida que a Wii? É praticamente impossível nesta altura, com a recessão económica e a proliferação de jogos para dispositivos móveis.
Ainda assim, a Wii U parece estar bem posicionada para salvar a Nintendo. Por agora. Tem a vantagem de chegar antes das outras rivais, que só serão lançadas em 2013, e de ser retro-compatível com todos os jogos anteriores.
Tem também o atractivo de ser inovadora, com o ecrã de controlo táctil e opções inéditas de jogo. A Nintendo sabe inovar, disso não há dúvidas. O que às vezes não sabe é fazê-lo no calendário previsto. E neste mundo em mudança constante, em que um jogo entra e sai do top em menos de nada, o timing é tudo.