Se não receber capital suficiente este ano, vai pedir mais em 2022. O presidente executivo do Novo Banco é taxativo. Se o Fundo de Resolução injetar no banco menos capital do que o que foi pedido para cobrir perdas registadas no exercício, no próximo ano o banco pode pedir mais 100 milhões de euros. O António Ramalho reage assim à posição confirmada na terça-feira pelo presidente do Fundo de Resolução. Luís Máximo dos Santos confirmou no Parlamento que a injeção de capital no Novo Banco será inferior aos 598 milhões de euros pedidos pelo banco. O montante previsto no Programa de Estabilidade destinado ao Novo Banco é de 430 milhões de euros. O Governo chegou a inscrever uma verba para o Novo Banco na sua proposta de Orçamento do Estado para 2021 mas a medida foi travada no Parlamento, pelo que a solução encontrada foi a de o Fundo de Resolução recorrer a um empréstimo junto de um consórcio de bancos..O presidente executivo do Novo Banco frisou que vai aguardar pela confirmação do valor da injeção de capital que será efetuada em relação ao exercício de 2020, mas lembrou que o pedido que o banco "fez ao Fundo de Resolução são 598 milhões de euros"..António Ramalho esteve ontem a ser ouvido da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução. O Novo Banco registou um prejuízo de 1329 milhões de euros em 2020 e pediu mais 598,3 milhões de euros ao Fundo de Resolução, ao abrigo do mecanismo de capital contingente previsto no acordo de venda do banco à Lone Star, em 2017. O presidente do Fundo de Resolução tinha indicado, numa audição na mesma Comissão, na terça-feira, que a decisão sobre o montante a transferir para o Novo Banco será tomada "nos próximos dias"..As injeções de capital, até 3,89 mil milhões de euros, estavam previstas no acordo para a venda do banco à Lone Star, em 2017, e visam a cobertura de perdas registadas com ativos "herdados" do BES..Entre as questões levantadas pelos deputados, esteve a questão do pagamento de prémios à gestão do banco e a atribuição de prémios. Em causa está o pagamento de quase 4,0 milhões de euros de prémios em relação às contas de 2019 e 2020. Também estava em causa o facto de Ramalho ter um salário anual de 400 mil euros, acima do limite fixado no acordo de venda da instituição, alegou o Bloco de Esquerda. O presidente executivo do Novo Banco salientou que disse que são "valores pagos pelo banco" e não pelo Fundo de Resolução..O banqueiro também negou que fosse acionista da Nani Holdings, subsidiária da Lone Star que detém diretamente 75% do capital do Novo Banco.