A Agência Espacial Europeia (ESA) vai lançar na próxima terça-feira o novo foguetão Ariane 6, que fará o seu voo inaugural levando a bordo um nanossatélite português, construído por estudantes e professores do Instituto Superior Técnico (IST)..O lançamento, da base espacial europeia em Kourou, na Guiana Francesa, está previsto para entre as 19:00 e as 23:00 (hora de Lisboa)..O teleporto de Santa Maria, nos Açores, operado pela Thales Edisoft Portugal, vai ser a primeira estação a fornecer dados do foguetão, indicou à Lusa a empresa, que "irá contribuir para o estabelecimento de comunicações durante uma fase crítica da missão"..Segundo a Thales Edisoft Portugal, o lançamento inaugural do Ariane 6 "marca o regresso da capacidade operacional europeia de acesso ao espaço"..A bordo do foguetão seguirá o ISTSat-1, o primeiro nanossatélite concebido por uma instituição universitária portuguesa..O ISTSat-1 vai servir para testar um novo descodificador de mensagens enviadas por aviões que permitirá a sua deteção em zonas remotas e aferir a viabilidade do uso de nanossatélites na receção de sinais sobre o estado de aeronaves, como velocidade e altitude, para efeitos de segurança aérea.."A equipa do Técnico estará a receber as informações do satélite na estação-terra do polo de Oeiras e a verificar, comparando os dados recebidos com dados de referência, se o satélite cumpre as funções previstas e possui o desempenho esperado", precisou o IST em esclarecimentos anteriores à Lusa..O ISTSat-1 vai estar posicionado a 580 quilómetros da Terra, acima da Estação Espacial Internacional, a "casa" e laboratório dos astronautas, e enviar os primeiros dados até cerca de um mês depois do início das operações..O nanossatélite, que custou cerca de 270 mil euros, ficará em órbita entre cinco e 15 anos antes de reentrar na atmosfera.."É um projeto multidisciplinar ótimo para ajudar a formar bons profissionais de engenharia", sublinhou, citado pelo IST, o professor do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Rui Rocha, que coordenou o trabalho..Junto com o ISTSat-1 irão outros satélites e equipamentos científicos de instituições, empresas e agências espaciais estrangeiras..O Ariane 6, cujo voo inaugural ocorre com um atraso de quatro anos e teve um custo de 4,5 mil milhões de euros, irá suceder ao Ariane 5, que fez o seu último voo em julho de 2023..A ESA, da qual Portugal é Estado-Membro desde 2000, prevê um segundo lançamento, desta vez comercial, da nova gama de foguetões europeus até ao final do ano. Para os dois anos seguintes estão programados 14 voos..É com este foguetão que a ESA pretende enviar em 2026 a sonda espacial Plato, que irá "fotografar" milhares de estrelas e procurar planetas semelhantes à Terra. A missão tem participação científica portuguesa, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.