O alarme está a converter-se numa commodity

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O alarme, enquanto sistema destinado a alertar em caso de intrusão ou tentativa de furto, foi patenteado em 1853 pelo Reverendo Augustus Russell Pope, de Massachusetts. Tratava-se de um sistema simples, construído à base de sensores magnéticos conectados uns aos outros e presos às portas e janelas, ligados a um sino, que tocava quando algo neste circuito era anormal. Aliás, a palavra "alarme" é derivada da palavra arcaica do inglês médio "alarum", usada para se referir ao som de um sino. Poucos anos depois e perante o insucesso desta invenção, Pope vendeu os direitos da patente a Edwin Holmes, que, de forma inteligente, passou a comercializar o produto em Nova Iorque, uma cidade com elevadas taxas de assaltos para a época.

Desde então, o alarme foi ganhando importância. Se o produto original era composto por um circuito meramente mecânico, a tecnologia foi permitindo que estes sistemas evoluíssem cada vez mais, chegando aos modelos que hoje conhecemos e que incluem, entre outros, detetores de movimento, captura de imagens, reconhecimento de imagem e voz. Atualmente, os sistemas de alarmes têm a capacidade de proteger a pessoa em qualquer local, mesmo que esta se encontre em espaços abertos e públicos, acompanhando-a através de uma central de alarmes, onde operadores altamente formados acionam o protocolo de segurança, caso haja algum incidente.

A evolução tecnológica que vivemos nesta era digital tem potenciado e catapultado os alarmes para um estatuto inimaginável, desde os tempos de Augustus Pope. Um alarme já não é apenas um alarme e acompanha a evolução das necessidades da própria sociedade. Mais do que a proteção dos bens materiais, hoje há uma crescente necessidade na proteção das pessoas, com uma preocupação crescente pelo bem-estar e segurança das famílias ou dos colaboradores. Segundo dados da Central Recetora de Alarmes da Securitas Direct, em 2020 registou-se um aumento de 13% e 10% na instalação de alarmes em empresas e habitações, respetivamente.

O alarme está a tornar-se um commodity. A possibilidade de gerir remotamente os vários dispositivos através de aplicações, coloca agora os sistemas de alarme ao nível da importância de ter acesso à Internet ou de ter um smartphone.

A videovigilância tal como hoje a conhecemos dá a garantia de segurança na residência ou na empresa, com um claro reflexo na tranquilidade dos seus proprietários. Aos conhecidos sistemas anti-intrusão adicionaram-se soluções de conforto e de proteção pessoal, como por exemplo, a monitorização da temperatura, da humidade ou qualidade do ar da habitação, dentro e fora de portas. O conceito de proteção integral das pessoas já é uma realidade, concretizada através da implementação de diversos sistemas, como a proteção através da geolocalização, que assegura a segurança e conforto de todos, onde quer que estejam, seja dentro ou fora de casa, e se conectadas a uma central de alarmes permite uma melhor atuação face a situações de emergência.

Mas não vamos ficar por aqui. Wearables que monitorizam e emitem alertas automáticos em caso de emergência, partilhando a geolocalização do utilizador, dispositivos de visão por computador, visão térmica, sistemas anti-inibição IoT, nanosensores encastrados e tecnologias relacionadas com reconhecimento de voz ou aprendizagem de som já são uma realidade em algumas empresas a nível mundial. A tecnologia colaborativa que liga vários dispositivos entre si permite uma abrangência da segurança muito mais alargada, que em última instância culmina nas smart cities, com o desenvolvimento mecanismos que tornem as cidades mais seguras.

Passaram 168 anos desde a invenção do sistema eletromagnético de Pope. Mas desde então, o conceito de segurança mudou radicalmente e a evolução foi tremenda. A necessidade de segurança de hoje não é igual à necessidade de segurança do passado. Os sistemas de segurança deixaram de ser um plus e passaram a ser uma commodity.

Luis Quintino, Diretor de Operações da Securitas Direct Portugal

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