Por três vezes seguidas, o Brighton & Hove Albion FC, clube da maior estância balnear da Inglaterra, morreu na praia: apurado para os play-off de acesso à Premier League, perdeu uma, duas, três vezes e não subiu. Não perdeu, no entanto, o rumo: persistiu e, à quarta, em 2017, chegou finalmente ao campeonato mais rico do mundo..Hoje, segundo a contabilidade do Financial Times, integra o top 500 das empresas que mais cresceram na Europa, depois de aumentar a taxa de crescimento anual consolidada em 65% de 2016, ano da última vez que falhara, para 2017, quando renasceu..O sucesso das "Gaivotas", a que não é alheio o investimento do empresário Tony Bloom, já falado neste espaço por ter feito um milagre no seu outro clube, o Union Saint-Gilloise, hoje líder da liga belga, é visto como um exemplo..Não apenas de foco e de persistência mas também de critério nos investimentos - as prioridades foram a remodelação do estádio, fonte estável de receita, a criação de um ótimo centro de treinos, para maximizar o talento da equipa, e a aposta na academia, o caminho sustentável para não precisar de gastar milhões a contratar de outros clubes - Ben White é um exemplo: o central formado em Brighton rendeu 50 milhões de libras aos cofres do clube ao ser transferido para o Arsenal..A única correção na trajetória do clube, diz o executivo Paulo Barber, ao Financial Times, foi a substituição no comando técnico de Chris Hughton, o responsável pela subida histórica à Premier League, pelo meio desconhecido Graham Potter..Mas Potter não foi escolhido ao acaso. O jovem "manager", formado em Ciências Sociais pela Universidade Aberta, com mestrado em liderança e inteligência emocional, iniciou a inusitada carreira a treinar em universidades, a de Hull e a de Leeds, foi conselheiro da seleção feminina de Gana e liderou o semi amador Östersund, da Suécia, que conduziu das divisões infeiorres a vitórias sobre Galatasaray, Arsenal e outros na Liga Europa..Potter encaixou como uma luva no modelo do Brighton: manteve a equipa na Premier em 2020 e em 2021 e este ano persegue a melhor classificação da história de um clube que já sonha até com a Europa. "Uma coisa de cada vez", adverte Barber. Para que as "Gaivotas" jamais morram na praia.