O caminho da Europa

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Os americanos elegeram Donald Trump para o 47º presidente dos Estados Unidos da América (EUA). Em democracia o voto do povo é soberano, importa agora antecipar e acautelar os impactos que os resultados das eleições americanas vão ter, dentro e, sobretudo, fora dos EUA. 

Estamos perante a maior economia do mundo, pelo que as medidas que forem tomadas são potencialmente mais impactantes, para o bem e para o mal. 

A expectável escalada de políticas protecionistas por parte dos EUA e a consequente resposta de retaliação da União Europeia estão entre os riscos para a atividade das empresas europeias, que tenderão a limitar, em vez de ampliar, um progresso no relacionamento da aliança transatlântica, designadamente em termos de fluxos comerciais e de investimento. Por outro lado, um aumento do protecionismo a nível global poderá reconduzir a um processo inflacionista, que ninguém deseja.

Para Portugal, os EUA constituem um importante mercado. Hoje, temos setores que estão a ter uma dinâmica muito interessante com o mercado americano e, por isso, as empresas sentem alguma inquietação e forte expectativa dos momentos que aí vêm.

No comércio internacional de bens, os EUA são o nosso nono fornecedor e o terceiro fora da União Europeia. São o quarto principal cliente nas exportações e o primeiro não europeu.

Tendo em conta que entre os três principais mercados de destinos das exportações portuguesas dois estão com uma situação económica menos favorável (a França e a Alemanha, sendo que neste último caso juntou-se, agora, uma crise política), colocam-se desafios acrescidos para as empresas portuguesas. 

Nos fluxos de investimento, Portugal tem assistido a uma evolução muito positiva do investimento direto estrangeiro proveniente dos EUA. O reforço do investimento é muito importante para Portugal, como também é para a Europa. Mario Draghi defende, no seu relatório, que a Europa tem de investir mais, apostar fortemente na sua indústria, tornando-se menos dependente das cadeias de abastecimento, tem de reorientar profundamente os seus esforços coletivos para colmatar o défice de inovação com os EUA e a China, especialmente em tecnologias avançadas, deve ter um plano conjunto para a descarbonização e competitividade e para aumentar a segurança. Mas, tem de ser ágil na decisão e na ação.

A Europa ainda não tem feito esse caminho, mas terá de o fazer, para estar preparada para um cenário em contínua mudança.

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