"O conhecimento é o nosso desígnio para o futuro"

Manuel Heitor, ministro da Ciência e Ensino Superior, estabeleceu a maior qualificação dos jovens como o principal objetivo para a próxima década.
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"Nos próximos dez anos temos de garantir que temos seis em cada dez jovens de 20 anos no ensino superior e garantir que na faixa dos 30 a 34 anos conseguimos ter 40% das pessoas graduadas", afirmou Manuel Heitor, na abertura da iniciativa Investigação & Inovação. Um objetivo que, para o ministro da Ciência e Ensino Superior, requer um "esforço muito grande" do país, tendo em conta o contexto demográfico português.

"Hoje vivem em Portugal 110 mil jovens com 20 anos, há 30 anos eram 220 mil e daqui a dez anos serão 85 mil. É neste contexto de progressivo envelhecimento, e com uma pressão social para fazermos e aprendermos mais, que temos de ver o papel da educação, sempre em triangulação com a inovação", afirmou o governante.

Partindo de outro exemplo demográfico, o do aumento da esperança média de vida, Manuel Heitor sublinhou a importância das políticas públicas associadas à defesa da ciência e do conhecimento (que permitiram, por exemplo, anular a mortalidade infantil e garantir tratamento para diversas doenças), para o aumento da longevidade. "A inovação é a forma como as empresas e os empreendedores criam valor, explorando a mudança. Mas, sabemos hoje, a mudança que cria mais valor social e económico é a mudança associada ao conhecimento", afirmou o ministro.

Ao focar-se sobre o tema do dia - o papel da ciência na tomada de decisão -, Manuel Heitor afirmou que esta é uma relação complexa, dando como exemplo nacional, o caso das energias renováveis. Portugal detém hoje o recorde mundial do maior número de dias consecutivos dependente apenas de energias renováveis, mas para alcançar este patamar, foram necessárias não só as políticas públicas que nos últimos dez anos fomentaram a utilização das energias renováveis, como também o desenvolvimento das chamadas "redes inteligentes de energia", que implicaram a criação de sistemas de software desenvolvidos por instituições como o INESC-TEC.

"A relação com a ciência é um processo cumulativo, associado à disponibilização do conhecimento e à sua apropriação privada pela administração pública ou pelas empresas", referiu Manuel Heitor, para quem a divulgação do conhecimento é um aspeto fundamental. "Temos de investir mais, fazer mais, propagar mais o conhecimento, ter mais conhecimento e mais atual, em cooperação internacional", frisou o ministro. "Portugal tem tido um trajeto de aproximação à Europa, mas o que fizemos foi muito mas não chega. O conhecimento é o nosso desígnio para o futuro", concluiu.

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