O impacto dos ecrãs na qualidade de vida dos consumidores

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Desde que as portas de nossa casa se fecharam, no início de 2020, que o mundo mudou. Crianças, jovens e adultos migraram grande parte dos seus deveres e momentos lúdicos para uma janela virtual que hoje continua a servir de ponto de partida e de chegada para comunicar, aprender, trabalhar, comprar produtos ou ter momentos de lazer. Porém, e apesar dos benefícios múltiplos, o tempo que despendemos no ecrã tem impactos negativos a vários níveis, seja na interação com família e amigos, na qualidade do nosso sono ou até na nossa saúde.

Se as videochamadas e as compras online surgiram como resposta imediata a uma distância imposta, hoje são tidos como exemplo de algumas comodidades que a pouco e pouco invadiram as casas dos portugueses e sobre as quais já não queremos abrir mão. Em virtude de todo o universo digital, muitos consumidores tiveram de adquirir equipamentos tecnológicos que agora se tornaram parte indissociável do seu dia-a-dia. Em rigor, e segundo uma amostra de 1019 inquiridos, 32% compraram um telemóvel, tablet ou computador que possibilitasse o acesso à internet. Já nos lares com crianças, 43% compraram aparelhos e, entre os estudantes, foram 46% os que tiveram de investir nalgum tipo de equipamento.

O confinamento trouxe, a par dos aparelhos tecnológicos, o recurso a plataformas ou aplicações que, através da internet, têm as mais variadas finalidades: fazer compras no supermercado, encomendar comida, ver filmes ou estabelecer chamadas de vídeo, entre outras. Quase metade dos inquiridos começou a usar determinadas plataformas ou aplicações devido à pandemia (46 por cento). As que reuniram mais novos utilizadores foram as de entregas ao domicílio (comida e produtos), streaming de vídeo e exercício físico.

De serviço em serviço, os portugueses prolongam cada vez mais os seus dias através da presença no digital. Em média, os inquiridos passam cerca de 20 horas por semana online, para fins pessoais ou de lazer, sendo que 41% indicaram que o tempo na internet aumentou face ao que passavam antes da pandemia. Foi entre os inquiridos mais novos (dos 18 aos 34 anos) que este aumento se mostrou mais significativo, com 51% a relatarem estar agora mais tempo online.

Estará o tempo mais longo passado na internet a afetar, de algum modo, a saúde ou as relações familiares ou de amizade? Uma parte considerável de inquiridos refere que o tempo gasto online afeta de forma negativa o sono e o descanso (45%), o tempo com os filhos (42%) e a saúde (40 por cento). E se esta é uma realidade apontada para adultos, a realidade é que o uso excessivo se estende a adolescentes (apontado por 63%) e crianças entre os 6 e os 12 anos (apontado por 44% dos inquiridos).

Apesar das mais-valias deste acesso facilitado a serviços e produtos, é necessário que haja um equilíbrio no tempo que investimos diante de um ecrã, por forma a não condicionar a qualidade das nossas relações e da nossa saúde física e mental.

Saberá o novo consumidor digital chegar a um equilíbrio?

Rita Rodrigues, Responsável pelas Relações Institucionais da DECO PROTESTE

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