O IoT e o … Xixi !

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Participei recentemente num Business Breakfast organizado em Lisboa pela APDC – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações, sobre o tema IoT – Internet of Things / Internet das Coisas.

Vários oradores de diversos sectores de mercado fizeram excelentes intervenções avaliando o impacto do IoT na dinâmica de mudanças na sua área e modelo de negócio.

Foram dados alguns exemplos sobre o uso do IoT sendo que dois deles foram bem curiosos e deliciaram a audiência.

1)Um autoclismo preparado para fazer análises da urina em tempo real quando alguém inicia, após acordar, a sua rotina de higiene diária. 2)Ainda na mesma rotina, foi referido também o exemplo da escova de dentes preparada para analisar vários indicadores relativos à saúde do seu utilizador.

Claro que em ambos os casos as “coisas” referidas, terão sensores capazes de “sentir e analisar” componentes químicos, mas também de transmitir os resultados, via Internet, diretamente ao utilizador e/ou entidade terceira responsável pelo seguimento histórico dos resultados (por exemplo uma clínica médica) e ainda, se contratada para isso, dar aconselhamento clínico.

Como vi numa apresentação da DELL/EMC – o ciclo completo de “Sense/Dados”, “Make Sense/Informação” e finalmente “Act/Ação”.

Sabemos já que nos preparamos para começar a viver “invadidos” por sensores, externos e/ou internos (ao nosso corpo).

Estudos publicados e apresentações feitas em inúmeras conferências sobre o IoT contam histórias de vida futura, simulando o uso intensivo das “coisas com ligação à Internet” e a sua relação com o ciclo de vida humana.

Em locais de vida – em casa, no carro, na escola, no hospital, no local de trabalho, em local lúdico, em local público, etc. – e em áreas/eventos de vida – na formação, na saúde, na profissão, no divertimento, no transporte, no desporto, etc. - todos teremos um infindável leque de sensores e processadores que adquirem, transformam e disponibilizam dados e informação útil (espera-se!) à persecução das nossas atividades, pessoais e profissionais.

Será tudo SMART – SmartCity, SmartCar, SmartHouse, Smart isto e Smart aquilo.

E todos, creio, temos hoje uma noção do positivo e do negativo que essa “invasão” de informação, a todo o momento, pode representar. A maior parte dela será injetada em tempo real na plataforma mais pessoal que temos, o telemóvel conectado, mas aparecerá ainda em muitos mais dispositivos que nos rodeiam ou vão rodear. Passaremos a todo o momento a receber “notificações” via mensagens, sinais sonoros, vibrações e até voz tal como num GPS.

Confesso achar que vai ser preciso esforço no sentido de articular e integrar essas notificações de um modo não invasivo. Não vamos querer receber mensagens do frigorífico (geleira na minha linguagem moçambicana) a dizer que o iogurte x terminou a validade enquanto nos encantamos a assistir a uma qualquer peça de teatro ou deliciamos a percorrer um qualquer museu. Nem nós nem os nossos companheiros de atividade, nem os artistas, nem os funcionários.

Mas sim, por defeito, quereremos receber notificações a informar-nos em real time que andamos a comer demasiado açúcar e/ou sal, para que possamos, se nos disponibilizarmos a isso, mudar hábitos alimentares.

Vamos ter de passar horas a configurar as variadas aplicações e dispositivos que nos querem “notificar”. É que muitas das vezes não é apenas preciso dizer que SIM ou que NÃO, mas indicar muitas mais opções de apresentação disponíveis e por vezes complexas.

A não ser que passemos para um outro nível e solicitemos ao nosso Assistente Digital, baseado em IA-Inteligência Artificial, que já compreendeu os nossos desejos e gostos, para que trate dessas configurações em nosso nome …

Será então uma vida em que o nosso “melhor amigo”, aquele que melhor nos compreende, não será mais do que uma ferramenta de IA!

Luís AP Deveza, Consultor de Gestão e TI

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