Todos nós sentimos o aumento dos preços na nossa vida pessoal, seja no combustível, no supermercado ou no restaurante favorito. Mas, além dos bens e serviços essenciais, o preço da Tecnologia (equipamento, software e serviços de TI) também aumentou drasticamente no ano passado. Os preços dos equipamentos começaram a aumentar mais cedo, com os problemas logísticos e de produção causados pela covid, e continuaram a crescer desde então..Esses desenvolvimentos recentes contrastam de forma muito significativa com o paradigma que vivemos há longas décadas, onde assistimos ao crescimento do poder de computação ao mesmo tempo que verificamos uma diminuição dos preços. Os problemas logísticos e de produção causados pela covid, a escassez de certas matérias-primas, agora exacerbada pela guerra na Ucrânia, foram as principais razões para a inversão deste paradigma ao nível do mercado de equipamentos tecnológicos..Além do aumento dos preços ao nível dos equipamentos devido à diminuição da produção, verificamos paralelamente um acréscimo nos preços de software e serviços devido sobretudo ao aumento da procura, o que criou um duplo desafio para os CIOs (chief information officer) e compradores de Tecnologia..A flutuação crescente dos preços em Tecnologia difere muito, pois depende da categoria e do fornecedor de equipamento e software, da maturidade da tecnologia, do fornecedor de serviços de TI e da região geográfica em que atua e é claro, do volume e da alavancagem que a organização compradora pode exercer nas negociações..Os tempos são de mudança e temos assistido não só a um aumento aproximado de 18 a 20% nos preços de equipamentos pessoais empresariais (portáteis e desktops) nos últimos dois anos, como também ao aumento nos preços de servidores e armazenamento (aproximadamente 10 a 15%), assim como em software empresarial (5 a 7%), incluindo soluções cloud. Paralelamente, assistimos a uma subida das "rates" de consultoria e serviços, 5 a 7% globalmente..Neste contexto, como devem os decisores gerir o orçamento e os investimentos em Tecnologia?.É fundamental que o CIO e as equipas de compras consigam numa primeira fase gerir as expectativas da administração e dos responsáveis pelas áreas de negócio. Por um lado, mudar o "mindset" de redução de custos para uma perspetiva de evitar o crescimento descontrolado dos custos, e por outro, é importante gerir a procura de forma a permitir um maior poder de negociação junto dos fornecedores..Partilho alguns pontos a ter em conta na gestão do orçamento e investimento em Tecnologia nas empresas:.(1) estender os ciclos de substituição dos equipamentos pessoais e de datacenter, dentro do razoável, de forma a não comprometer a segurança e a capacidade de atualização;.(2) monitorizar os preços dos equipamentos, software e serviços de TI de forma a entender quais os descontos e qual o momento mais adequado para a aquisição;.(3) racionalizar o software para evitar o pagamento de licenças ou manutenção de software que não está a ser utilizado ou possa ser redundante;.(4) priorizar de forma abrangente os projetos tecnológicos, principalmente ao nível do desenvolvimento software, para assim adiar ou evitar gastos em projetos de baixo valor-acrescentado;.(5) reavaliar todos os contratos de contratação de serviços externos e internos no sentido de reequacionar a centralização ou diversificação de parceiros e, finalmente;.(6) implementar modelos de FinOpps que permitam ter uma visão integrada e eficaz dos custos de toda a operação, principalmente custos relacionados com serviços de cloud computing..Após todas estas iniciativas, e com as expectativas internas alinhadas, é crítico desenvolver um plano integrado com visibilidade das poupanças possíveis, assim como do valor potencial de novos investimentos e dos custos acrescidos ao orçamento de TI..Desta forma, e tendo em conta a incontornável inflação ao nível das Tecnologias, um bom "jogo de cintura" por parte do CIO será fundamental para otimizar ao máximo o orçamento de TI a curto e médio prazo, e garantir a criação de valor sustentável a longo prazo, enquanto aguardamos que as condições de compra se tornem mais favoráveis..Gabriel Coimbra, group vice president e country manager da IDC