O mais importante na internacionalização das empresas é a "resiliência"

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Portugal não é nada pequeno, foi o mote do debate do segundo painel da grande conferência "Empresas na Caixa", organizada pelo Caixa Geral

de Depósitos/Dinheiro Vivo/Diário de Notícias/Jornal de Notícias/TSF, a decorrer na Casa da Música, no Porto, onde Filipe Azevedo, presidente do grupo Lucios, frisou que "a internacionalização é um erro se a empresa não tiver capacidade internamente".

No caso desta empresa de construção, certificada para a reabilitação, a internacionalização já está a dar os seus frutos, "com a escolha criteriosa dos países onde deviamos investir, que são a França e Moçambique, e esperamos no próximo ano ter um volumde de negócios no exterior igual ao volume de negócios que temos em Portugal", afirmou Filipe Azevedo.

O responsável pela empresa Poças, produtora de vinhos do Porto e do Douro, Manuel Pintão, referiu que a exportação "não é apenas encher os contentores, é necessário encontrar bons parceiros, interlocutores, que em tempos eram especialistas, mas que agora com a maior parte das compras feitas pela grande distribuição, a pessoa responsável pelas compras muda muito, o que não facilita".

João Abecasis, presidente da Unicer, afirmou que o importante na internacionalização de uma empresa "é a resiliência, a capacidade de apostar no mercado e saber que os resultados podem demorar algum tempo", mas salientou que é fundamental "ter boas práticas de cobrança, quer em Portugal quer no estrangeiro. Sem boas práticas de cobrança não haverá resultados, não vale a pena a ilusão".

Manuel Pintão, quando questionado sobre o que é preciso fazer mais para aumentar o reconhecimento e a exportação de vinho do Porto, afirmou que é "reconhecido na Europa" e faz parte de algumas cerimónias marcantes em vários países, como por exemplo em Inglaterra, mas, sublinhou "é necessária aumentar as campanhas promocionais".

Neste caso, apresentou a dificuldade atual, dado que a promoção do Vinho do Porto deveria estar a cargo do Instituto do Vinho do Porto, "que quando foi criado estabeleceu que não deveria receber um tostão do Estado. Ora,durante o Governo de José Sócrates tínhamos 8 milhões lá e foram buscar lá tudo. E com a fome que agora andam se os produtores lá puserem alguma coisa...".

Na Unicer as exportações ainda valem 40% do volume de negócios, "continuamos a estar mais presentes a nível doméstico que no exterior, embora com dois focos de internacionalização, a fábrica em Angola, e a capacidade de produzir no Brasil", para além disso, a aposta é no mercado português, mesmo quando se fala em exportações. Excepção é a Arábia Saudita, para onde exportam cerveja sem ácool.

Neste caso, sublinhou, "que é absolutamente fundamental que cada empresa exporte o que tem de único", e acrescentou, que "não se deve dizer que para a Unicer é fácil porque é grande, porque não é verdade, somos uma aldeia de gauleses a lutar contra romanos".

Já Lucios, recordou o seu trajeto, lembrando que em 2004 o seu negócio era feito num raio de 15 quilómetros da sua sede. Nessa altura definiram uma estratégia para a empresa, de crescimento, que resultou que entre 2007 e 2012 duplicaram o volume de negócios, e passaram a estar presentes em França e Moçambique.

Filipe Azevedo, concluiu dizendo que "a facilidade que nós os portugueses temos é que somos reconhecidos como tendo mão-de-obra muito qualificada, somos reconhecidos como um povo genuinamente de grande capacidade e grande facilidade no que chamamos o desenraque. A verdade é que somos bem recebidos lá fora".

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