Uma década depois da Expo Xangai, a última em que estivemos, Portugal está de volta e com uma ambição que vai além da mostra cultural, focando-se na promoção do país na região dos Emirados Árabes Unidos (EAU). "O Dubai é um hub muito relevante na promoção de negócios naquela área e mais além, no Hindustão e na costa oriental africana, onde ainda temos presença limitada e há oportunidades significativas", explica ao Dinheiro Vivo Eurico Brilhante Dias, adiantando que a decisão de participar na ExpoDubai2020 foi tomada em altura de grande pujança económica do país e comunicar Portugal "fazia todo o sentido".
Ao lado da vertente cultural que de certa forma também nos reaproxima dos EAU, desenhou-se assim uma presença que vai ao mesmo tempo "promover-nos como país moderno, que dá cartas da aeronáutica ao turismo". "Além da vertente cultural, há um programa empresarial e ainda uma concept sotre com dezenas de produtos de empresas nacionais que ali se poderão comprar e testar um conceito" para nos afirmarmos na região, adianta ainda o secretário de Estado para a Internacionalização. O terceiro pilar desta participação, sob o chapéu "Portugal, um Mundo num País", será a gastronomia, com o restaurante português a materializar a proposta vencedora (em concurso público) do chef Chakall - português de alma e coração, que terá no Al-Lusitano, em parceria a estrear com o empresário Pedro Rodrigues, o único restaurante a servir os nossos sabores.
"Portugal apresenta-se como país que outrora conectou o mundo pelos mares, lançando as sementes da globalização, e que é, como sempre foi, aberto ao mundo, à diversidade a todas as culturas", acrescenta ao Dinheiro Vivo o presidente da AICEP, que lidera esta vertente empresarial na ExpoDubai. "Quer no Pavilhão de Portugal quer através da Programação Cultural e Económica, vamos mostrar o que temos de melhor: dos nossos destinos turísticos à cultura, da ciência ao empreendedorismo, da inovação às renováveis, passando pela moda e joalharia ou design. E colocando a tónica no elo que tudo liga: o talento", resume Luís Castro Henriques.
Para o responsável da agência de investimento, "tal como há 500 anos, o talento português continua a ser uma das maiores vantagens competitivas do país, hoje reconhecido por diversas multinacionais que nos escolhem para investir, e a ideia é continuar a reforçar a imagem de inovação e talento num palco tão relevante e internacional como uma exposição mundial com participantes de centenas de países".
Realçando também a presença de mais de 40 empresas nacionais na loja do Pavilhão, a PT Concept Store, Castro Henriques lembra que a ExpoDubai é "a montra perfeita para promover Portugal numa região do globo que ainda tem muito potencial de crescimento em termos de relacionamento comercial e oportunidades para as empresas portuguesas".
Atualmente, as exportações portuguesas para os Emirados não excedem 150 milhões de euros (sobretudo veículos e máquinas, minerais e instrumentos de ótica e precisão). Razão pela qual está confiante no desempenho. "A presença portuguesa está talhada para ser um sucesso", com "efeitos que têm tudo para se prolongar para lá da mostra", junta Brilhante Dias.
O melhor também à mesa
"O melhor de Portugal na Mesa do Mundo" é o lema que move a proposta gastronómica de Chakall - servida em loiça da Costa Verde, de Vagos - e a seleção de vinhos nacionais que nesta semana o chef e o empresário Pedro Rodrigues deram a conhecer no El Bulo, em Lisboa, e que assentarão no Pavilhão de Portugal a partir de 1 de outubro. O Al-Lusitano (ver caixa) terá lugar central e visibilidade absoluta, já que o pavilhão está num local privilegiado do evento, na praça onde decorrem os principais concertos e eventos (equivalente à Praça Sony da Expo98), servindo de camarote ao que ali se passa.
Com o Pavilhão de Portugal a carregar a assinatura do arquiteto Miguel Saraiva, em parceria com o grupo Casais, dando vida a área de 1800 metros quadrados dominada por uma caravela conceptual, onde não faltam expoentes como a calçada portuguesa, azulejos Viúva Lamego, elementos de cortiça, fado e até um terraço com oliveiras, o tema escolhido para unir o tanto que mostramos de nós durante os seis meses de exposição não podia fazer mais sentido.