O melhor (e o pior) da tecnologia em 2023

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Os dias entre o Natal e o Ano Novo, por entre restos de rabanadas e "roupa velha" e a contagem de passas para a meia-noite, são bons para reflectir sobre os últimos dozes meses. 2023 foi um ano histórico no sector da tecnologia, um período que será analisado no futuro por causa do impacto que teve no avanço da Inteligência Artificial. Talvez este seja o 1997 que aterrorizou Sarah Connor, talvez seja o prelúdio de uma Singularidade que nos levará ao próximo nível, ou talvez seja algo a meio caminho sem as consequências extremas de nenhum. Eis o que de melhor e pior 2023 nos trouxe na indústria tecnológica.

IA generativa

O "boom" da IA generativa mudou as regras do jogo, provavelmente para sempre. A tecnologia está em todo o lado: foi para dentro de dispositivos como os novos Pixel 8, surgiu como co-piloto em software profissional e até ajudou um português a criar um negócio viral. Quase todas as apresentações de empresas tecnológicas incluíram novidades neste campo - da Google à Microsoft, da Salesforce à Zoom. O ChatGPT foi apenas o princípio, precisamente com o verbo, e agora temos geração de imagens, de música e mais. É possível que este tenha sido o novo "momento iPhone" da década.

Realidade estendida

A entrada da Apple na realidade estendida, com a apresentação dos óculos Vision Pro, encaixa-se no melhor do ano. Mesmo sendo caros e tendo um design de levantar sobrolhos, a qualidade da execução convenceu os mais cépticos. A chegada do produto ao mercado, nesta Primavera de 2024, deverá abrir uma nova era para as tecnologias imersivas que é bastante promissora.

Threads

Não fosse a delapidação do Twitter, Mark Zuckerberg não teria conseguido um bom lugar na coluna do melhor, mas é o que temos: a criação e lançamento da rede Threads, que chegou este mês à Europa depois de uma entrada a pés juntos nos EUA em Julho, é um dos grandes sucessos do ano. A adesão continua a bater recordes e a experiência de utilização está cada vez melhor. É bastante claro que, se algum site conseguirá substituir o Twitter, é este.

Regulamentação em curso

Foi positivo o avanço da legislação europeia AI Act, para regulamentar a IA, e a ordem executiva de Joe Biden nos Estados Unidos, com um intuito similar. Significa que os reguladores estão mais atentos que no passado e sabem que não podem deixar isto à mercê do mercado.

Microsoft em grande

Satya Nadella mostrou este ano porque é um dos líderes mais competentes do sector. A Microsoft atirou-se de cabeça para a IA generativa e está na linha da frente, posicionada para colher os frutos do investimento em 2024. Obrigou a Google a reposicionar-se e tem uma vantagem única nesta fase de arranque.

Despedimentos em massa

Houve despedimentos colectivos em muitas e debateu-se a possibilidade de estas tecnologias provocarem ainda mais, de forma permanente. Não sabemos, na verdade; e se olharmos para trás, todas as ondas de inovação exterminaram postos de trabalho e criaram outros.

A ascensão dos "deepfakes"

O aperfeiçoamento de técnicas que permitem criar vídeos e áudios adulterados, os "deepfakes", coloca tremendos problemas a todos, das empresas a indivíduos e governos. A IA generativa mostrou-nos, em simultâneo, o melhor e o pior que consegue fazer. Este é definitivamente o pior.

Twitter a.k.a. X em morte cerebral

A incrível derrocada do Twitter, agora X, sob a liderança de Elon Musk, é uma nódoa negra incurável. Se o final de 2022 tinha ameaçado o lodo, agora a rede social está em areias movediças. O site é irreparável e será apenas uma questão de tempo até afundar.

Sam Altman vs. conselho da OpenAI

Ainda está por explicar totalmente a incrível saga de despedimento e regresso de Sam Altman como CEO da OpenAI em questão de dias. Um desastre de gestão que acabou com o reforço da autoridade de Altman e a ultrapassagem das questões éticas que guiaram a organização desde o início. Vamos ver os resultados disso em 2024, e podem ser piores que o imaginado.

O fim do nosso unicórnio

A Farfetch foi o primeiro unicórnio com ADN português e terminou o ano a ser liquidada e vendida à sul-coreana Coupang, depois de se ver em risco iminente de falência. O sonho de José Neves, que começara em 2007, acabou por embater numa economia em contracção, um consumidor volátil e uma dívida demasiado elevada pós-pandemia. Foi uma pena.

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