No seu relatório “The future of European competitiveness”, Mario Draghi coloca o “dedo na ferida” quanto ao baixo crescimento da economia da União Europeia (UE), apesar das várias estratégias implementadas. Draghi salienta que o acentuado abrandamento da produtividade tem conduzido a um crescente fosso entre o PIB europeu e o dos Estados Unidos da América (EUA), com consequências na perda do rendimento per capita real disponível, que cresceu quase duas vezes menos na UE do que nos EUA, desde o início do milénio. Sublinha que a diferença de produtividade é explicada, em grande medida, pelo setor tecnológico, face à insuficiência da UE nas tecnologias emergentes que impulsionarão o crescimento futuro. Alerta que a UE está a entrar no primeiro período da sua história recente em que o crescimento económico não será suportado pelo aumento da população, prevendo-se uma perda de cerca de dois milhões de trabalhadores por ano até 2040..A Europa terá de se apoiar mais na produtividade, com um reforço substancial do investimento. Identifica três áreas prioritárias de ação: orientação profunda dos esforços coletivos para colmatar o défice de inovação com os EUA e a China; plano conjunto para a descarbonização e a competitividade, que obriga a uma coordenação de políticas, pois de outro modo em vez de uma oportunidade corre-se o risco da descarbonização ser contrária à competitividade europeia e ao seu crescimento; e aumento da segurança e redução da dependência, nomeadamente de fornecedores de matérias-primas essenciais, especialmente da China..Prossegue, as estratégias industriais de hoje - como se viu nos EUA e na China - combinam múltiplas políticas. As regras de tomada de decisão da UE não evoluíram substancialmente à medida que se alargou e o ambiente global se tornou mais hostil e complexo. Um processo de decisão política e legislativo lento e desagregado faz com que a UE tenha menos capacidade de resposta. Impõe-se uma nova estratégia industrial para a Europa, a fim de ultrapassar estas e outras barreiras. Sem apoio do setor público (financiamento comum), o setor privado não será capaz de suportar o financiamento das avultadas necessidades de investimento..Não posso estar mais de acordo com tudo isto. É necessário agir, e muito rapidamente, por forma a inverter o enfraquecimento da posição relativa da Europa e a restabelecer a sua capacidade competitiva.