Com a pausa na dependência (excessiva) do Turismo para a cidade de Lisboa e no processo de recuperação da economia e sociedade é importante começar a preparar o regresso do turismo à cidade tendo em conta que este é, e será sempre, um sector essencial para o emprego e para a economia da cidade. Contudo, há que tirar lições do ponto excessivo em que nos encontrávamos nos tempos de pré-Pandemia. Em primeiro lugar há que repensar a estratégia de massificação do turismo. É provável que nunca mais venhamos a ter aquelas multidões de turistas na Baixa no pós-COVID mas tal não é impossível e a Cidade deve ponderar mecanismos de compensação de dissuadam o turismo de massas com toda a sua carga pesada nos sistemas de transporte, de resíduos urbanos e carga turística descaracterizante para os bairros históricos que implica. Em termos de país, Portugal deve também continuar o trabalho de atrair e facilitar a chegada de turistas às outras nossas belas cidades e atracções turísticas fora de Lisboa, Porto e (menos) Cascais e Sintra aliviando a pressão turística sobre estas cidades e todos os efeitos colaterais que sobre elas se abatem. Desenvolver circuitos turísticos com transportes especializados, uma rede de alojamentos e novos pontos de chegada deve ser, neste contexto, também equacionado. A tremenda pressão sobre os preços da habitação em cidades como Lisboa e o Porto deve ser aliviada contendo o fenómeno do Alojamento Local (AL) naquilo que ele representou de desvio de casas de habitação para uso turístico. O Governo e as Autarquias devem trabalhar no sentido de promover o regresso destas dezenas de milhar de casas ao uso habitacional e, nomeadamente, ao arrendamento urbano fazendo com que este seja mais próximo dos níveis que se registam na maior parte dos países europeus: arrendar uma casa não pode ser, em média, mais oneroso do que comprar casa própria e o aumento da oferta do arrendamento pela via do regresso ao uso habitacional das casas ainda em AL pode revelar-se essencial para essa racionalização dos preços. Em termos de planeamento urbano, as autarquias devem ponderar se é do seu interesse promover o alojamento turístico "convencional" em hóteis e outras estruturas especializadas, que podem ser licenciadas e distribuídas pelo espaço urbano de forma regulada, com bons níveis de segurança e integração com as redes públicas de recolha de resíduos urbanos, complementadas com estabelecimentos de pequena e média dimensão de alojamento local que surjam apenas em novos espaços ou a partir da conversão de espaços comerciais vazios ou de habitações devolutas e onde não hoje despejos para "conversão" em uso turístico. Por fim, no caso de Lisboa, a localização do terminal de cruzeiros junto ao Campo das Cebolas deve ser reavaliada dada a introdução - em pico turístico - de uma grande quantidade de turistas em pleno centro histórico e ponderado o seu custo, ambiental, em carga turística, resíduos urbanos e o valor acrescentado para a cidade em termos de rendimentos comerciais e taxas cobradas.